O ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu sua primeira declaração pública sobre o bate-boca que travou ontem (26) com o também ministro Gilmar Mendes, a quem acusou de ser parceiro de criminosos de “colarinho branco”. Durante aula para alunos do primeiro período da Faculdade de Direito da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Barroso admitiu que se exaltou com Gilmar. Mas negou ter ultrapassado qualquer limite.
“Vocês ainda vão ter filhos. Eles nunca nos escutam. Então, sigam meus bons exemplos, mas não os maus. A exaltação não é a melhor forma de se expressar (todos os alunos riram). Às vezes a gente levanta o tom da voz, mas essa não é a melhor forma de viver a vida. Mesmo que às vezes seja necessário, às vezes podemos passar da linha. Não que eu tenha passado. Mas quase”, declarou o ministro, conforme relato do colunista Lauro Jardim, do Globo.
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Barroso recebeu apoio nas redes sociais do procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, da força-tarefa da Operação da Lava Jato, no Paraná. “Muito bem dito, ministro Barroso. Já passou da hora de colocar a verdade a vista de todos”, escreveu Carlos Fernando.
Entre outras coisas, Barroso acusou Gilmar Mendes de ter “parceria” com a “criminalidade do colarinho branco”, de “destilar ódio constante” e de ser seletivo em seus julgamentos conforme os acusados.
Publicidade“Vossa Excelência devia ouvir a última música do Chico Buarque, a raiva é filha do medo e mãe da covardia. Vossa Excelência fica destilando ódio o tempo inteiro. Não julga, não fala coisas racionais, articuladas. Sempre fala coisa contra alguém, sempre com ódio de alguém, sempre com raiva de alguém”, disparou Barroso contra Gilmar, que também reagiu às declarações do colega. “Aliás, Vossa Excelência, normalmente, não trabalha com a verdade”, acrescentou o ministro.
“Quanto ao meu compromisso com o crime de colarinho branco eu tenho compromisso com os direitos fundamentais. Fui o presidente do Supremo Tribunal Federal que foi inicialmente quem liderou todo o mutirão carcerário, 22 mil presos que foram libertados, gente que não tinha sequer advogado. E eu não sou advogado de bandidos internacionais”, retrucou Gilmar Mendes.
Barroso insistiu: “Vossa Excelência vai mudando a jurisprudência de acordo com o réu”. “Isso não é Estado de Direito, isso é Estado de compadrio. Juiz não pode ter correligionário”, atacou o ministro.