O ex-ministro Barjas Negri negou nesta terça-feira envolvimento com a máfia das ambulâncias. Em depoimento à CPI dos Sanguessugas, ele disse que nunca manteve contato com a família Vedoin e que, durante sua gestão, não tinha motivos para desconfiar da existência do esquema de desvio de recursos para a compra de unidades móveis de saúde.
Segundo Barjas, a compra de ambulâncias com dinheiro do governo federal na época não era feita diretamente, mas por meio de convênios com as prefeituras. “Durante a minha gestão, o Ministério da Saúde não adquiriu uma ambulância”, afirmou. O ex-ministro explicou que a dotação para a compra dos veículos vinha das emendas parlamentares.
“Uma vez aprovado o convênio, eles eram pagos pelo ministério”, disse. Barjas afirmou que nem todas as emendas eram pagas, mas os critérios de escolha eram apartidários. Ele explicou ainda que o ministério fazia um corte de 20% no valor dos recursos propostos pelos congressistas para forçar uma contrapartida das prefeituras.
Negri assumiu o ministério durante o governo Fernando Henrique Cardoso, em fevereiro de 2002, quando o então titular do cargo, José Serra, pediu afastamento para dedicar-se à campanha presidencial.
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O ex-ministro afirmou que os recursos para a compra de ambulância aumentaram durante o segundo mandato tucano porque houve mais verbas para o setor com a criação da CPMF e da emenda 29. “Grande parte dos recursos antes disso, em 1997, 1998 e 1999, foram para obras inacabadas."
"Nunca vi Vedoin"
Negri afirmou que não tinha motivos para desconfiar das fraudes durante sua gestão. Ele ressaltou que a Controladoria Geral da União (CGU) só descobriu o esquema após dois anos de investigação e com a ajuda de escutas da Polícia Federal. Ele reforçou ainda que nunca manteve contato com os empresários Darci e Luiz Antonio Vedoin, apontados como chefes da quadrilha que operava a venda de ambulâncias.
“Não conhecia os Vedoin, nunca ouvi falar e nunca teve audiência no ministério com eles”, afirmou. O ex-ministro afirmou conhecer a ex-assessora da pasta Maria da Penha Lino, apontada como braço da quadrilha no Executivo, mas só de encontros nos corredores. “Ela assessorava as secretarias municipais, é só o que eu sei”, afirmou. (Diego Moraes)
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