Um ministro usa os grupos no celular para pedir dinheiro. O que parece o início de uma história da Operação Lava Jato é, na verdade, um golpe em que as vítimas são os políticos e a lista de contatos deles. Foi o que aconteceu há cerca de quinze dias com os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, da Secretaria de Governo, Carlos Marun, e do Desenvolvimento Social, Osmar Terra. Todos ministros do MDB. Pelo menos R$ 6 mil foram roubados.
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“Apareceu para centenas de pessoas que eu estava pedindo dinheiro, claro que depois a pessoa fica sabendo que não sou eu mas até explicar que gato não é sapato”, relatou Osmar Terra. Em quarenta minutos, desde o envio das mensagens até o bloqueio do celular, três pessoas cadastradas no celular dele transferiram R$ 6 mil reais para uma conta vinculada a uma agência bancária no Maranhão. A farsa foi percebida pelos próprios contatos do ministro, que passaram a alertá-lo a respeito do golpe.
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O falsário enviou mensagens para grupos de WhatsApp do ministro, inclusive um grupo em que estavam funcionários do próprio Ministério de Desenvolvimento Social, pasta que cuida, entre várias outras atribuições, do pagamento do Bolsa Família.
“Usa Banco do Brasil, por aplicativo de celular ou computador?”, dizia a mensagem. As pessoas que responderam, achando que estavam conversando com o ministro, receberam em seguida uma mensagem no modo privado com novas perguntas. O falso ministro queria saber o limite de transferência dos contatos e pediu ajuda. Dizia que precisava de dinheiro. Em nota, o ministério explicou que Osmar Terra não usa sistema de proteção em seu celular.
Terra foi até a loja de sua operadora de celular e lá conseguiu descobrir como clonaram seu aparelho. “O cara chegou dizendo que era eu. É muito fácil fazer isso [clonar celular]. Chega na operadora de celular com algum documento de identidade, a pessoa olha e te dá o chip. Você pede pra passar o número para o chip e pronto”, contou o ministro, que registou ocorrência na Superintendência Regional da Polícia Federal do Distrito Federal.
O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, também caiu no golpe. Para tentar evitar mal-estar entre seus contatos, ele mesmo enviou mensagens para toda agenda telefônica alertando que teve o celular clonado.
“Atenção: este meu celular foi clonado e soube que estão fazendo pedidos indevidos em meu nome. Não atendas nem mandes mensagens para este número. Vou tratar de responsabilizar criminalmente o clonador”, afirma o verdadeiro Padilha na mensagem. O ministro não revelou quais pedidos o falso Padilha fez às pessoas, nem se alguém vinculado a ele teve prejuízo financeiro.
Outro caso foi o de Carlos Marun, que cuida das relações do Planalto com o Congresso. “A mim não houve prejuízo, não tenho conhecimento de ninguém que tenha efetivamente [tido prejuízo]. Um amigo meu que se viu enganado e se dispôs a fazer um depósito, (mas) a conta que havia sido indicada já não estava fornecendo”, afirmou Marun, em entrevista no Palácio do Planalto nesta segunda-feira (26).
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