Como primeiro item de seu parecer, o relator do Inquérito 2245, ministro Joaquim Barbosa, disse que os diretores do Banco Rural "tinham clara intenção de camuflar os riscos dos empréstimos" concedidos à SMP&B e à Graffiti Participações, empresas ligadas ao empresário Marcos Valério, e ao Partido dos Trabalhadores.
Segundo o ministro, os diretores do banco tentaram "ludibriar as autoridasdes para que não se verificasse a lavagem de dinheiro". Como prova, Joaquim Barbosa disse que foram verificadas no banco 19 operações de crédito com o PT e as empresas de Valério totalizando R$ 292,6 milhões em empréstimos. "Essa quantia correspondia a 10% do capital do banco e mesmo assim não tinha classificação de risco", destacou o relator.
Joaquim Barbosa também lembrou que houve grande divergência entre a classificação de risco inicialmente feita pelo Banco Rural e a revista pelo Banco Central. O PT, por exemplo, passou de "A" para "H", sendo que em "A" estão as empresas com o menor risco de inadimplência. "Os empréstimos não apenas foram concedidos sem garantias suficientes, como foram renovados", disse o ministro. "O Banco Rural concedeu os empréstimos apesar de haver histórico de perdas recentes da SMP&B", acrescentou. (Soraia Costa)