O presidente da Câmara já responde a processo no Conselho de Ética sob a acusação de ter mentido à CPI ao negar a existência de contas bancárias vinculadas a ele no exterior. Em depoimento prestado em setembro de 2015, o lobista descreveu com minúcias a casa de Cunha, onde disse ter estado duas vezes, em 2010 e 2011. A informação é da coluna do Lauro Jardim, no jornal O Globo, que reproduz os vídeos com as declarações de Baiano.
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Durante seu depoimento espontâneo à CPI da Petrobras, no dia 10 de março, Cunha foi questionado pela deputada Clarissa Garotinho (PR-RJ) sobre uma nota publicada em novembro de 2014 pelo próprio Lauro Jardim na revista Veja. Segundo o colunista, Baiano havia ido diversas vezes à casa de Cunha. “Pergunto se Vossa Excelência recebeu alguma vez o senhor Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB, em sua casa. É verdadeiro?”, perguntou Clarissa.
“Com relação ao senhor Fernando Baiano, a informação da coluna Radar, eu a desmenti completamente naquele momento. Ela não procede, ela não é verdadeira”, respondeu o peemedebista. Não foi o que disse Baiano em depoimento de sua delação premiada ao Ministério Público.
Primeiro, ele relatou a visita à residência do presidente da Câmara em 2010: “No segundo semestre de 2010, eu estive com o Eduardo. Dessa vez estive na casa dele até. Ele mora na Barra, naquele condomínio, deixa eu lembrar… Palace Park.”
Questionado sobre a aparência da casa de Cunha, Baiano deu detalhes: “Você, entrando pela portaria principal do condomínio, já vira à esquerda. É a quarta casa da rua.É uma casa amarela com alguns detalhes brancos. É uma casa de dois andares.”
“É luxuosa?”, questiona o interrogador.
“É uma casa grande, espaçosa, que tem uma decoração não diria luxuosa, mas requintada. Passou a porta principal (da casa de Cunha), já tem uma porta à esquerda, que já é o escritório dele. Nessa reunião, expliquei a ele que já tinha feito duas reuniões com o Júlio (Camargo, outro delator da Lava Jato que confessou ter repassado propina ao presidente da Câmara e ter sido pressionado por ele) e alguns contatos telefônicos, mas que o Júlio continuava naquela de ganhar tempo, empurrando com a barriga”, respondeu.
Confira o depoimento em vídeo na página do Globo
Baiano também relatou uma nova visita à casa de Cunha. “Em março de 2011, eu tive novo encontro com ele, na casa dele de novo. Na verdade, quando eu chegava lá, na entrada, tinha uma guarita, uma câmera apontada para o carro. Lembro que o segurança que ficava em pé ao lado da guarita, algumas vezes, passava a placa do carro para a menina dentro da guarita. Ela perguntava meu nome e aonde eu iria e com quem iria falar. Eu passava meu nome, dizendo que ia à casa do Eduardo Cunha conversar com ele. Ela ligava, passava meu nome e esperava a autorização para entrar. Acredito que todo o procedimento tenha sido registrado”, contou o lobista.