Mesmo fazendo oposição no Congresso Nacional ao governo da presidenta e candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), os deputados federais do Psol declaram publicamente apoio à presidenta em carta aberta publicada nesta sexta-feira.
Jeans Willis (RJ), Chico Alencar (RJ), Ivan Valente (SP) e Edmílson Rodrigues (PA) afirmam que este segundo turno oferece, no entender do Psol, opções difíceis para o eleitor, se configurando mais como “uma eleição do não do que do sim”.
Os parlamentares estão preocupados com o cenário conservador que vem se desenhando com o avanço de forças que classificam como ultra direita, externado não apenas na eleição da nova bancada do Congresso, como também na disputa presidencial.
“Diante da composição de forças políticas e sociais que se constituiu, com os vínculos entusiasmados dos setores mais conservadores e retrógrados com a candidatura tucana, e do retrocesso que isso pode representar, dentro dos marcos aprovados pelo PSOL em Resolução divulgada em 8/10, declaramos nosso voto em Dilma”, afirmam em nota.
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Dentre os deputados eleitos pela legenda apenas o Cabo Daciolo (RJ) não declarou voto na candidata do PT. Jean Willis já tinha externado no início da semana que votaria em Dilma Rousseff. Marcelo Freixo, deputado estadual mais votado do Rio de Janeiro com 350 mil votos, também declarou seu apoio à presidenta.
PublicidadeO grupo ressaltou, entretanto, que a postura de oposição permanecerá a mesma adotada desde a fundação do partido e que a declaração de voto não significa uma busca por cargo no governo. “Sem qualquer intenção de participação num eventual novo governo ou de formar ‘base de sustentação’ a ele, manteremos nossa condição de oposição programática de esquerda, seja qual for o (a) presidente eleito (a), preservando assim, nossa posição crítica, fiscalizadora e propositiva”, encerra o documento.
Veja abaixo a íntegra da nota divulgada pelo Psol:
DEPUTADOS FEDERAIS ELEITOS DO PSOL E O 2º TURNO DAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS
1. Um pleito em segundo turno, quando nosso projeto partidário não está ali representado, é mais uma eleição do não do que do sim;
2. O PSOL vê com preocupação o avanço conservador no Congresso Nacional, com a votação expressiva de representantes da ultradireita, do fundamentalismo, do corporativismo empresarial e latifundiário, do ruralismo antirreforma agrária e violador dos direitos indígenas, do patrimonialismo, do discurso de ódio à diversidade e aos direitos humanos e do clientelismo dos currais eleitorais;
3. No plano nacional, há uma divisão na sociedade, com os setores mais à direita, do privatismo total, da corrupção estrutural e sistêmica, de parte significativa da mídia grande e dos avessos à participação popular alinhados com Aécio, isto é, com PSDB, DEM, PTB, PSC; de outro, com as evidentes contradições do PT e do governo Dilma, assemelhado aos tucanos até na continuidade da corrupção, alinham-se movimentos, personalidades e partidos com viés mais progressista;
4. Para nós, do PSOL, nossa missão principal nesta disputa eleitoral encerrou-se no 1º turno, no qual, nos estados e no país, com Luciana Genro, afirmamos nossas propostas programáticas básicas e um novo modo de fazer campanha política, sem os aparatos enganosos das candidaturas milionárias, prisioneiras de empreiteiras, bancos, frigoríficos e mineradoras que as financiam;
5. Sem qualquer intenção de participação num eventual novo governo ou de formar ‘base de sustentação’ a ele, manteremos nossa condição de oposição programática de esquerda, seja qual for o(a) presidente eleito(a), preservando assim, nossa posição crítica, fiscalizadora e propositiva;
6. Diante da composição de forças políticas e sociais que se constituiu, com os vínculos entusiasmados dos setores mais conservadores e retrógrados com a candidatura tucana, e do retrocesso que isso pode representar, dentro dos marcos aprovados pelo PSOL em Resolução divulgada em 8/10, declaramos nosso voto em Dilma;
7. Seguiremos na luta, nas ruas, nas redes e nos parlamentos, por Reforma Política com participação popular, por Reforma Tributária que grave os mais ricos, por políticas de superação estrutural da desigualdade social e inter-regional, pela auditoria da dívida, pelo combate a todas as discriminações, por uma política externa independente da hegemonia estadunidense e por um Brasil livre, soberano, justo, igualitário e fraterno.
Brasília, 10 de outubro de 2014
Edmílson Rodrigues (PA)
Chico Alencar (RJ)
Jean Wyllys (RJ)
Ivan Valente (SP)
DEPUTADOS ELEITOS PELO PSOL