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Os deputados estimam que Cunha ainda mantém uma base fiel em torno de 220 parlamentares. Mas essa base era considerada maior antes das votações das últimas duas semanas. Dois episódios foram considerados decisivos para uma perda de apoio do Cunha nos últimos dias.
Parlamentares ouvidos pelo Congresso em Foco acreditam que a forma como o presidente da Câmara destituiu a comissão especial da reforma política ajudou nesse processo de debandada da sua própria base. Após três meses de trabalho, a comissão apresentaria um texto-base da reforma política na segunda-feira (25). No entanto, dez minutos antes da abertura dos trabalhos do colegiado, o presidente da Casa determinou o cancelamento da última sessão do colegiado e decidiu votar a proposta sem o relatório dos colegas. A situação causou amplo desconforto e muitos parlamentares da comissão se revoltaram contra Cunha.
Além disso, a maneira com que Cunha tem comandado as votações, utilizando manobras regimentais, tem irritado vários parlamentares. Um exemplo ocorreu durante a votação do ajuste fiscal. Ao tentar aprovar a instituição das parcerias público-privadas (PPPs), por meio de uma manobra regimental, dezenas de deputados articularam a queda de toda a votação e não somente das PPPs.
Parlamentares se queixam da “arrogância” do peemedebista e afirmam que, no caso do “distritão”, ele fez um cálculo errado de sua base de apoio. “Uma coisa é você aprovar um projeto de lei, que tem maioria simples. Outra coisa é uma emenda à Constituição. Uma emenda precisa de acordo, e Cunha achou que tinha força suficiente para aprovar o que quisesse”, disse um deputado da base governista que pediu para não ser identificado.
Na prática, a avaliação dos parlamentares é que, após várias vitórias contra o governo, Cunha acreditava que poderia impor qualquer projeto à Câmara. “Cunha não disse que o Parlamento era independente? Então, agora mostramos exatamente isso”, alfinetou outro deputado.
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