Pesquisa Datafolha divulgada hoje (8) pela Folha de S. Paulo revela que 65% dos entrevistados são contrários a qualquer mudança na legislação sobre o aborto. O índice é o maior já verificado desde quando a pesquisa começou a ser feita, em 1993. De acordo com o levantamento, realizado entre os dias 19 e 20 de março, só 16% dizem que o aborto deve ser permitido em mais situações, além de estupro e risco de morte para a mãe, como diz a lei atual.
Há 14 anos, lembra a repórter Michele Oliveira, 23% dos brasileiros achavam que a interrupção da gravidez deveria ser permitida em mais situações além de estupro e risco de morte para a mãe.
Nos últimos dias, o novo ministro da Saúde, José Gomes Temporão, defendeu a realização de um plebiscito sobre a legalização do aborto, a exemplo do que ocorreu em fevereiro, em Portugal, onde a maioria dos cidadãos aprovou uma lei que autoriza a interrupção voluntária da gravidez até a décima semana.
Para Jacira Melo, do Instituto Patrícia Galvão, ONG que desenvolve projetos sobre direitos da mulher, a pesquisa confirma que os brasileiros ainda não têm a dimensão do "aborto inseguro", praticado de forma ilegal longe dos cuidados médicos. "A pesquisa mostra a necessidade de um debate amplo e sério sobre a legalidade total do aborto", diz ela.
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O debate sobre o assunto deve ser retomado na Câmara ainda este ano. No último dia 3, a Comissão de Seguridade Social e Família desarquivou o Projeto de Lei 1135/91, que trata da descriminalização do aborto. (Edson Sardinha)
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