O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), quer adiar para agosto a votação de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) no Congresso. Com isso, vai impedir o início do recesso parlamentar, marcado para começar no próximo dia 16, e planeja não passar para o eleitorado a imagem de que estaria tentando protelar as investigações contra si no Conselho de Ética do Senado.
Caso a LDO não seja votada, o Congresso não pode parar oficialmente. A prática, nesse caso, é iniciar um recesso branco: ou seja, oficialmente tudo funciona, mas um acordo paralisa sessões do plenário e das comissões. Com o recesso informal, o Conselho de Ética poderia seguir apurando as denúncias de que Renan teria aceitado que o lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior, pagasse a pensão de sua filha com a jornalista Mônica Veloso.
Os benefícios para o senador seriam principalmente o redirecionamento do holofotes com o início dos jogos Pan-americanos e o ritmo lento das investigações, previstas para terminar em setembro. "A oposição está prometendo emparedar Renan. Ao mesmo tempo, há pressão muito grande pelo recesso. Não fica bem para a imagem do Congresso fazer recesso branco", criticou o primeiro vice-presidente do Senado, Tião Viana (PT-AC).
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Além de transmitir a imagem de que estaria fazendo o possível para não atrapalhar o processo no Conselho de Ética, Renan tem outro motivo para protelar a votação da LDO: deputados ameaçam boicotar a sessão caso ela seja presidida por ele.
"O senador Renan tem receio de fazer a sessão e provocar uma cena de desprestígio irrecuperável. Não acredito em votação da LDO", disse ao jornal O Estado de S. Paulo o líder do DEM, senador José Agripino Maia (RN). "Apesar de todo o tensionamento que deve ocorrer, o senador Renan tem todo o direito de presidir a sessão do Congresso", pondera Tião Viana. (Carol Ferrare)
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