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A denúncia de que o publicitário Marcos Valério, acusado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de ser um dos operadores do mensalão, deu aval a um empréstimo milionário ao Partido dos Trabalhadores e pagou uma parcela, feita pela revista Veja, complica ainda mais a situação da cúpula do partido. Para governistas e oposicionistas, a revelação torna insustentável não convocar os signatários do contrato realizado com o banco mineiro BMG, o presidente do PT, José Genoino, e o tesoureiro do partido, Delúbio Soares, a deporem na CPI do Correios. A reportagem levou a Executiva Nacional do PT a convocar uma reunião extraordinária ontem. Contudo, o encontro foi adiado para amanhã, dia em que os dois petistas, juntamente com o secretário-geral do partido, Sílvio Pereira, devem ter seu futuro dentro da direção do partido. A esquerda do PT deseja que Genoino deixe a presidência, mas ele já avisou que vai permanecer no cargo. Leia também A revelação da Veja, baseada em documentos do Banco Central, desmente a versão inicial de que a relação entre a cúpula do partido e Valério se restringia a amizade de Delúbio e participações de agências do publicitário em campanhas do PT. Segundo a revista, o publicitário apresentou-se como avalista num empréstimo de R$ 2,4 milhões, quando Lula tinha apenas 48 dias na presidência da República, em 2003. Genoino e Delúbio também assinaram o empréstimo feito pelo PT ao banco mineiro BMG. Valério, que aparece como “avalista e devedor solidário” na transação, chegou a pagar uma parcela de R$ 349 mil ao BMG, em nome do PT. À revista Veja, Genoino disse que “ele (Valério) nunca foi avalista do PT”. Contudo, depois da publicação da reportagem reparou o erro e responsabilizou Delúbio, em nota oficial divulgada ontem, pelo acordo com Valério. “Quando indagado pelo presidente José Genoino, sexta-feira (1.º de julho), sobre os avais dos empréstimos do PT, ative-me às operações celebradas com o Banco Rural, mencionadas pela imprensa nas últimas semanas. Transmiti ao presidente uma informação incompleta e, portanto, equivocada", admite Delúbio na nota. Genoino disse ainda que, como havia assumido a presidência do partido no final de 2003, deixava a cargo todos os assuntos financeiros do partido nas mãos de Delúbio. Valério pagou parte da dívida com dinheiro de uma de suas agência, a SMPB. Atualmente, a SMPB tem duas contas do governo: Correios e Ministério do Esporte. As empresas de Valério têm contratos com o governo que, somados, chegam a R$ 144 milhões. O depoimento de Valério, que teve os sigilos quebrados na semana passada, à CPI está marcado para quarta-feira. Com as novas denúncias, o relator da Comissão, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), acredita que as argüições sobre o publicitário vão se concentrar nesse empréstimo ao PT. “Isso mostra que eles [PT e Valério] tinham um relacionamento muito estreito, porque não só avalizou como pagou”, disse Serraglio. |