Acusado de receber R$ 4,1 milhões do esquema do mensalão, ex-líder do PP na Câmara José Janene (PR) teria movimentado R$ 1,5 milhão em 2004 nas contas de dois assessores. A informação foi confirmada pelos próprios funcionários do parlamentar em depoimento hoje, na sede Polícia Federal, em Londrina (PR). Meheidin Hussein Jenani, primo do deputado, e sua esposa, Rosa Alice Valente, ambos investigados por lavagem de dinheiro, não souberam dizer se os recursos saíram do valerioduto.
“Eles disseram que a movimentação do dinheiro é de responsabilidade do deputado José Janene”, informou o delegado da PF em Londrina, Gerson Machado, após o interrogatório.
O delegado informou ainda que os dois assessores afirmaram ter comprado soja a mando do deputado para justificar a movimentação financeira. A prática, segundo Machado, configura lavagem de dinheiro por dissimulação e ocultação de valores e bens. “Compra soja para mim que vou pôr dinheiro na sua conta”, recomendava Janene, segundo uma das falas dos assessores reproduzidas pelo delegado.
O advogado dos depoentes, Nivaldo Igliozi, negou as acusações contra eles e alegou que o dinheiro é legal, proveniente de compra e venda de soja. Rosa Valente disse que não queria movimentar os recursos e por isso confiou ao deputado o controle de sua conta bancária.
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Os dois funcionários tiveram bens e contas bancárias bloqueadas pela Justiça e são acusados de manter patrimônio superior ao declarado à Receita Federal. Em 29 de maio deste ano, a Justiça Federal apreendeu notas fiscais e extratos bancários na casa de Jenani e no escritório de Janene.
Além dos assessores, a PF de Londrina também investiga a esposa do deputado, Stael Fernanda, por lavagem de dinheiro. Ela também é acusada de movimentar R$ 1,5 milhão e de comprar uma mansão, registrada em seu nome, com recursos do valerioduto.