Em entrevista coletiva que marcou a sua saída do processo eleitoral deste ano, José Roberto Arruda acusou o Partido dos Trabalhadores de articular contra sua candidatura e se disse vítima de “ato de iniquidade”. “O PT está jogando sujo nos subterrâneos. O PT pensa que está me derrotando, está derrotando o povo. O PT me derrotou no tapetão, mas agora sou cabo eleitoral”, disparou o ex-governador que liderava as pesquisas de intenções de votos no DF.
Arruda disse que vai às ruas fazer campanha e derrotar o PT. “Vejam bem, petistas vagabundos, vocês vão sair correndo de Brasília. Meu último ato na vida pública é passar o bastão para Frejat”, afirmou em tom de despedida.
No evento, que durou cerca de uma hora e meia, também discursaram o agora candidato a governador, Jofran Frejat, e a esposa de Arruda, Flávia Perez, nova candidata a vice. Frejat afirmou que a presença de Flávia na chapa é uma garantia de que os compromissos firmados por Arruda continuarão intocados.
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José Roberto Arruda deixa a disputa após uma semana de embates judiciais. O primeiro foi na terça-feira (9) quando a primeira turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou recurso apresentado pela defesa do ex-governador. Os ministros decidiram rejeitar o pedido para suspender os efeitos da condenação de Arruda por improbidade administrativa.
Dois dias depois, na quinta-feira (11) – por seis votos a um – o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou os embargos de declaração apresentados pela defesa de Arruda contra decisão da corte, que, no último dia 26, confirmou entendimento do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), indeferindo sua candidatura com base na lei da Ficha Limpa. Desde então o ex-governador passou a sofrer pressões de correligionários para deixar a disputa.
A defesa alegava nos tribunais que o candidato do PR não pode ser enquadrado na lei da Ficha Limpa e, consequentemente, ser considerado inelegível porque o julgamento em segunda instância – no TJDFT – ocorreu após a apresentação do pedido de registro de candidatura à Justiça eleitoral.
O caso
Em dezembro de 2013, Arruda foi condenado em primeira instância por improbidade administrativa, por decisão do juiz Álvaro Ciarlini. Em junho deste ano, o TJDFT marcou o julgamento em segunda instância. A defesa recorreu ao STJ e conseguiu a suspensão da apreciação do caso pelo TJDFT até que houvesse uma decisão definitiva sobre a alegada suspeição de Ciarlini. A defesa de Arruda argumentou à época que o juiz era suspeito para atuar no caso porque o STJ analisava um pedido de suspeição apresentado por outro envolvido na Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal (PF), que desbaratou o “mensalão do DEM”. Os advogados alegaram que a suspeição do magistrado também deveria valer para Arruda.
Em 5 de julho, o então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, derrubou a decisão do STJ e determinou a realização do julgamento pelo TJDFT, que, em 9 de julho, manteve a condenação do candidato do PR.
O “mensalão do DEM” consistia em compra de apoio político para a candidatura do próprio Arruda ao governo do DF, em 2006, com recursos oriundos de contratos de informática do Executivo distrital. Arruda, que foi filmado recebendo dinheiro ilícito, chegou a ser preso. Na campanha, ele vem repetindo ser vítima de um golpe que teria como um dos mentores o petista Agnelo Queiroz, atual governador do DF que disputa a reeleição.
Redes Sociais
No Twitter e no Facebook a repercussão da renúncia de José Roberto Arruda foi um dos assuntos mais comentados pelos internautas. Muitos manifestaram alívio com a decisão visto que pesquisas mostravam chances reais de Arruda voltar ao Palácio do Buriti, sede do governo do DF. “Arruda faz o discurso em tom de despedida”, disse um usuário no Twitter. Outro lembrou que com a decisão, José Roberto Arruda é considerado oficialmente como barrado pela Lei da Ficha Limpa. “Ficha suja, ele está inelegível até 2022”. No Facebook um internauta lembra que o ex-governador ainda tem chances de manter a sua influência no executivo estadual caso o novo candidato seja eleito, já que sua esposa, Flávia Peres, figura como vice na nova composição. “Enfim, o raposo é obrigado a abandonar o galinheiro, mas deixa a raposa em seu lugar”.
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