Alguns senadores presentes à sessão deliberativa de hoje (6) comentaram ao Congresso em Foco as declarações do presidente Lula no Pará, onde participa do lançamento do Plano Social de Registro Civil de Nascimento e Documentação Básica, além da entrega de títulos fundiários para cidadãos ribeirinhos. Na cidade de Breves (Ilha de Marajó), Lula disse que, “se fosse para ajudar os ricos, ninguém votava contra” a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). “Cada centavo para ajudar os pobres é uma guerra.”
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), repudiou com veemência a declaração. “Nossa senhora, é de uma estultice – e olha como sou educado – e de uma má fé ilimitadas, porque é no governo dele que os bancos auferiram lucros inimagináveis em qualquer outro período da história republicana brasileira”, disse o tucano à reportagem.
“Se alguém que entende de lucro e de rico é ele [Lula], haja vista a alegria da Febraban [Federação Brasileira de Bancos]. Os bancos e banqueiros deviam fazer uma estátua em placa pública e colocar: ‘Homenagem ao nosso insigne e inesquecível patrono Luiz Inácio Lula da Silva’”, ironizou. Em tempo: estultice é sinônimo de estupidez.
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Já o ex-governador do Distrito Federal, Cristovam Buarque (PDT-DF), discordou de Virgílio, mas fez ressalvas. "Acho exagerada, mas não totalmente inverídica", disse à reportagem, sem entrar em detalhes.
Já o líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), foi mais virulento ao comentar as palavras de Lula no Pará. "O presidente está apelando, isso é apelação. Ele não tem noção do que é o Brasil do futuro", reclamou o senador ao Congresso em Foco. "Ele está insistindo na chantagem emocional para tentar garantir um imposto que tem data marcada para terminar, e que significa travamento da retomada do crescimento."
Sucessão
Para Virgílio o PSDB “não tem porque deixar de lançar uma candidatura própria, uma pessoa de boa imagem”, disse, garantindo que o partido dispõe de muitos nomes com esse perfil, como Lúcia Vânia (GO), ex-ministra do Turismo do governo Lula, Marconi Perillo (GO), ex-governador de Goiás e a senadora Marina Serrano (MS), que pediu a cassação de Renan Calheiros (PMDB-AL) no primeiro processo a que respondeu no Conselho de Ética, acusado de pagar despesas pessoais com dinheiro de lobista.
“Seria algo absolutamente rejuvenescedor, oxigênio puro na política do país”, defende Virgílio, que questionou a improvável candidatura de José Sarney (PMDB-AL) para presidir a Casa pela terceira vez. “Bom nome para quê? Para presidir a Academia Brasileira de Letras? Talvez. Eu gostei muito de Samaraminda. É um belo romance”, inorizou, quando perguntado se o ex-presidente da República seria um bom nome para substituir Renan, e fazendo menção à musa-título do de um dos romances do cacique peemedebista.
“Ele [Sarney] não é um bom nome para os meus companheiros que são massacrados no Maranhão por uma oligarquia que, há 50 anos, domina aquele estado”, bradou, referindo-se ao império de comunicação que a família Sarney possui no Maranhão.
Ao Congresso em Foco, Virgílio disse considerar Pedro Simon (PMDB-RS) um bom candidato para a presidência. “É um bom nome, e que pode muito bem sensibilizar o meu partido como um todo.”
Dessa vez, Cristovam concordou com o tucano. "Seria o único nome, e não apenas para serenar os ânimos, para isso tem outros. Mas é o único que, lá fora [do Parlamento], deve ser visto pelo povo como alguém que mudou alguma coisa aqui. Se não tiver um Pedro Simon, a sensação é de que o novo presidente foi escolhido por duas pessoas: Lula e Renan Calheiros", denunciou o pedetista. (Fábio Góis)
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