O líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), disse agora há pouco que, embora a mais recente pesquisa CNT/Sensus, divulgada hoje (18), registre um bom índice de aprovação popular ao governo Lula (leia), as investigações sobre o uso indevido dos cartões corporativos devem prosseguir com o apoio da sociedade.
“Popular ou não, o governo tem de ser investigado. Queira ou não, este é o governo do mensalão e o governo dos cartões corporativos”, propugnou Agripino, dizendo que “é evidente que houve o mensalão”. De acordo com a pesquisa divulgada hoje, 52,7% dos brasileiros consultados avaliam positivamente o governo Lula. O resultado é pouco mais baixo do que o registrado na pesquisa realizada no primeiro governo do petista, em 2003: 56,6%.
Segundo Agripino, a própria pressão popular e o trabalho vigilante da imprensa legitimam a realização de uma CPI que investigue a fundo o uso dos cartões, inclusive no âmbito da Presidência da República.
"As denúncias são do próprio TCU [Tribunal de Contas da União] e do SIAFI [Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal], e estão todos os dias nas manchetes dos jornais mais importantes do país", alegou Agripino, acrescentando que a oposição não vai facilitar a vida do governo em relação ao assunto. "A oposição tem a obrigação de investigar, e as investigações se põem em face de que houve quebra de padrão ético."
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Para Agripino, que ameaça articular a instalação de uma CPI exclusiva no Senado – caso o governo insista em comandar as indicações para os cargos de comando, fazendo uma comissão “chapa-branca” –, Lula se beneficia do trabalho de governos anteriores quando é avaliado pelo povo. “Essa popularidade de hoje se deve ao fato de que a inflação e os indicadores sociais foram controlados lá atrás”, declarou o senador, referindo-se veladamente ao governo Fernando Henrique Cardoso, que contava com o apoio do PFL (atual DEM) no Legislativo.
Erro político
A líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC) tem outra visão. Ela disse agora há pouco que a intenção da oposição em forçar uma CPI exclusiva no Senado tem motivos específicos, que não apenas investigar.
“[O motivo é] tentar corrigir um erro político”, criticou Ideli, explicando que um colegiado misto – que teve origem na coleta de assinaturas iniciada pelo deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), há cerca de um mês – favorece ao governo. Na avaliação da petista, uma CPI mista é melhor para o governo porque reúne mais parlamentares governistas.
Agonia
Questionado se aceitaria o requerimento que a oposição pretende apresentar solicitando a divulgação dos gastos da Presidência da República, o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) declarou: "Cada dia com sua agonia. A CPI ainda não existe", sintetizou. Luiz Sérgio foi indicado pelo governo, na semana passada, para assumir a relatoria do colegiado.
O petista destacou que a avaliação positiva do governo Lula na pesquisa supracitada se deve aos "resultados do governo", e que os governistas não vão entregar os cargos de comando da CPI. "Nós teríamos que abrir mão de algo que a sociedade legitimou", concluiu, acrescentando que "cabe aos dois maiores partidos [PMDB e PT] a relatoria e a presidência da CPI mista. (Fábio Góis e Rodolfo Torres)
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