O presidente Lula foi recebido hoje (26) pelo presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, na fazenda presidencial de Anchorena, oeste do Uruguai. O objetivo da visita de Lula a Vasquez é o aprofundamento das relações bilaterais entre os dois países.
A comitiva brasileira é composta pelo chanceler Celso Amorim, os ministros de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Furlan; de Minas e Energia, Silas Rondeau; e o assessor de política externa, Marco Aurélio Garcia.
O embaixador brasileiro em Montevidéu, José Felicio, declarou à Agência France Press que "o Mercosul é o principal parceiro comercial do Uruguai e do Brasil, o segundo sócio comercial são os Estados Unidos".
O diplomata brasileiro ressaltou que no ano passado as vendas uruguaias ao Brasil cresceram em 24% e as compras brasileiras no Uruguai, 18%. "A tendência é diminuir o déficit", afirmou.
Conforme explica a Agência Reuters, os documentos assinados pelos dois líderes consistem em um memorando de entendimento para a promoção de comércio e investimentos, um protocolo de intenções sobre um programa de cooperação na área de biocombustíveis e um protocolo adicional para a criação de uma comissão mista permanente para energia e minério.
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Responsabilidade do Brasil
Lula destacou a "solidariedade" entre os dois países e a necessidade de "combater as assimetrias" dentro do Mercosul. Ele também ressaltou a importância de "avançar muito mais" na integração do bloco. "O Brasil tem de assumir sua responsabilidade (…) para criar um comércio o mais equilibrado possível" disse Lula, que admitiu que o seu primeiro mandato "foi um aprendizado" e que agora dará ao Mercosul a prioridade que merece.
Bush
O presidente norte-americano, George W. Bush, visitará o Brasil em 8 de março e, no dia seguinte, visitará o Uruguai. "Em uma semana, o presidente Tabaré receberá o presidente Bush. Eu receberei o presidente Bush em São Paulo. O presidente Tabaré vai discutir os interesses do Uruguai com os Estados Unidos e eu, particularmente, discutirei os problemas de biocombustíveis. A relação com o Mercosul não impede que isso aconteça. É preciso que cada país cuide dos seus interesses", afirmou Lula.
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PT define nomes para ministérios e guarda segredo
A Executiva Nacional do PT reuniu-se hoje (26), por mais de seis horas na sede do partido em Brasília, e definiu uma lista de ministérios que deseja ocupar no segundo mandato do presidente Lula.
Entretanto, o deputado Ricardo Berzoini, presidente nacional do PT, afirmou que vai tratar do espaço que o PT vai ocupar na esplanada apenas com Lula. Ele também não confirmou se a legenda terá uma reunião amanhã com o presidente.
"Fizemos um debate sobre o conjunto de espaço do governo que ocupamos e vamos tratar esta questão com o presidente para que ele tome a decisão, até para não ter qualquer tipo de constrangimento. Para até que haja a reunião [com Lula] não se fique especulando com nomes e situações", afirmou.
A Executiva petista avaliou que a divulgação de nomes de possíveis ministeriáveis vem causando prejuízos aos cotados, que acabam passando por um processo de "fritura" devido à demora na definição da reforma ministerial, explica a repórter Andreza Matais, da Folha Online.
Um exemplo é o da ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy, que é cotada para assumir um ministério no governo Lula. O nome de Marta, segundo o PT, já sofre um desgaste.
O presidente do PT negou que consultará oficialmente as bancadas da Câmara e do Senado sobre a decisão da Executiva. "Não creio que haverá uma reunião formal com as bancadas."
Lula diz que fará poucas mudanças no ministério
Durante o seu programa semanal no rádio, o presidente Lula disse hoje (26) que aguarda a definição interna dos partidos para anunciar as mudanças na equipe ministerial. Segundo o presidente, haverá poucas mudanças na Esplanada porque a maioria das legendas já está contemplada em seu governo.
"Você pode trocar alguns nomes. Mas a maioria dos partidos já está totalmente contemplada", disse Lula no Café com o Presidente. Ao ser indagado se aguardaria a convenção do PMDB, no próximo dia 11 de março, para anunciar os novos ministros, o presidente respondeu que a decisão depende do processo político dentro dos próprios partidos.
"Não tenho compromisso de fazer (a reforma ministerial) depois da convenção ou antes da convenção. Esse não é o problema. O problema é que os partidos estão num processo de alinhamento. Ou seja, ainda não terminou esse movimento dentro dos partidos políticos, o que me dará muito mais tranqüilidade para definir a montagem do governo", afirmou.
Segundo o presidente, todos os ministros que fizeram parte do primeiro mandato continuam no governo e as mudanças só serão anunciadas no "momento certo". Ele não confirmou a saída ou a permanência de qualquer nome. "Até agora, todos continuam. Se você me pergunta isso daqui a dez dias, eu não sei se todos continuam, mas até agora todos continuam", disse ao responder uma pergunta do apresentador do programa.
O presidente ainda não anunciou a nova equipe ministerial após a reeleição, mas já vem planejando, desde a vitória eleitoral em outubro do ano passado, o governo de coalizão para o segundo mandato. Onze partidos (PSC, PSB, PCdoB, PMDB, PP, PR, PV, PT, PDT, PTB e PRB) já anunciaram apoio ao governo nos próximos quatro anos.
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Secretário do Itamaraty nega antiamericanismo do país
O secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães, em entrevista concedida ao jornal Folha de S. Paulo, negou as declarações feitas pelo ex-embaixador brasileiro em Washington Roberto Abdenur de que há “um substrato ideológico vagamente anticapitalista, antiglobalização, antiamericano, totalmente superado” na política externa do Brasil.
“A política externa do presidente Lula, conduzida pelo ministro Celso Amorim, é pragmática e não ideológica; é a favor do trabalho sem ser contra o capital; compreende que a globalização apresenta oportunidades mas também riscos para os países subdesenvolvidos; é a favor do Brasil e não contra qualquer país”, disse.
Ao ser questionado sobre a participação brasileira na economia norte-americana, que estaria estacionada em 1,4% por causa de um suposto antiamericanismo, Guimarães respondeu que o Brasil, ao contrário de outros países, aumentou a participação nesse mercado.
“O aumento da presença da China no mercado americano fez com que, no período de 1999 a 2006, nas importações americanas, a participação do Canadá caísse de 19% para 16,9%; a do Japão, de 12,8% para 7,9%; a da Alemanha, de 5,3% para 4,9%; a da França, de 2,5% para 2,0%. Ao contrário, a participação do Brasil cresceu de 1,1% para 1,4%, refletindo o aumento de nossas exportações de US$ 10 bilhões para US$ 24 bilhões. São as empresas brasileiras que exportam: elas não menosprezaram o mercado americano, nosso principal comprador, e tiveram todo o apoio do governo brasileiro em seu esforço”, ressaltou.
Sobre o avanço no mercado mundial, o secretário afirmou que as negociações na OMC estão em pleno andamento e que o país tem tido papel central nas negociações do G20. “As perspectivas de uma conclusão positiva para o Brasil são maiores do que em qualquer outro momento”, destacou.
Quanto à adesão da Venezuela ao Mercosul, que tem sido vista como uma forma de transformar o bloco em um palanque contra o presidente norte-americano, George W. Bush, Guimarães ressaltou que o comércio entre Brasil e Venezuela passou de US$ 880 milhões, em 2003, para US$ 4,1 bilhões, em 2006. “Todos os membros do Mercosul estão de acordo quanto à adesão da Venezuela. O Mercosul é uma união aduaneira e não um bloco político de oposição a qualquer outro país e muito menos aos EUA, que, aliás, percebem isto perfeitamente”, declarou.
Por fim, o secretário disse que o Brasil pode contribuir para a construção de um mundo melhor ajudando na preservação da paz; no desenvolvimento econômico e social; e na construção da democracia em âmbito internacional, “de tal forma que cada sociedade, observados os preceitos fundamentais de autodeterminação e não-intervenção inscritos na Carta da ONU, possa prosseguir em sua evolução histórica”.
“Um mundo melhor será aquele em que as promessas de desarmamento se realizem; em que os preceitos do Direito Internacional sejam obedecidos pelas grandes potências; em que as diferenças econômicas entre os Estados se reduzam; em que o meio ambiente seja preservado; em que os direitos humanos, políticos, econômicos e sociais sejam respeitados; em que a pobreza e a miséria sejam abolidas; em que cada indivíduo possa desenvolver todo o seu potencial”, finalizou.
Dossiê: Procurador pedirá mais investigações à PF
O procurador da República em Cuiabá (MT) Mário Lúcio Avelar pedirá à Polícia Federal (PF) que realize mais investigações sobre a compra de um dossiê contra o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), durante as eleições.
A decisão foi motivada pelo parecer do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, que recomendou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a anulação do indiciamento do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) no inquérito.
Com a volta do inquérito a Mato Grosso, Avelar ficará responsável pela denúncia contra os demais indiciados no caso, já que o caso tinha sido remetido ao STF porque Mercadante, como senador, tem foro privilegiado.