Após atribuir a concessão da aposentadoria do ex-deputado José Janene à antiga Mesa Diretora da Câmara, o presidente da Casa Arlindo Chinaglia (PT-SP) voltou atrás e disse que a responsabilidade pela ação é de seu antecessor, o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP).
"Informei que era uma decisão da Mesa passada e fui cobrado. Não foi da Mesa, foi da presidência. Foi tomada no último dia da última legislatura. Pelas informações que tive, o processo estava pronto antes. Mas, quanto à análise, cada um faz a sua", disse ao jornal Folha de S. Paulo.
Procurado pela reportagem do jornal, Aldo não foi encontrado, pois está licenciado por 20 dias por motivos de saúde.
Janene, que foi acusado de participação no esquema do mensalão, teve a aposentadoria por invalidez publicada no "Diário Oficial" em 31 de janeiro. Ele terá direito ao salário integral, de R$ 12.847.
A aposentadoria do ex-deputado causou indignação entre os parlamentares. Ontem (23) a deputada Luiza Erundina (PSB-SP) disse, em entrevista à rádio CBN, que “não tem sensibilidade” para entender a realidade do país. “É um absurdo o deputado após oito anos de mandato receber R$ 12 mil. É uma afronta ao trabalhador brasileiro”, afirmou.
Leia também
José Janene (PP-PR), por outro lado, alegou que é "um direito adquirido que deveria estar recebendo desde setembro de 2005".
Ex-líder do PP, Janene pediu aposentadoria por invalidez dois meses após estourar o escândalo no Congresso. Licenciado, ele foi o único a escapar do processo de cassação. Como motivo para a licença e para o pedido de aposentadoria, o ex-deputado alegou ter uma doença cardíaca grave. “Tenho uma anomalia constatada por três laudos médicos em agosto de 2005. Em qualquer área do Brasil é obrigatório que a aposentadoria saia em no máximo 30 dias. O que posso dizer sobre isso? Eles [a direção da Câmara] é que postergaram", afirmou em entrevista à Folha.