Eduardo Militão
A ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, deixou o governo nesta quinta-feira
(16) após denúncias de práticas de lobby e suborno no Palácio do Planalto,
supostamente feitas pelo filho dela, Israel Guerra. Erenice é ex-braço-direito
da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, e sua situação ficou
insustentável depois de reportagens da revista Veja e da Folha
de S. Paulo e de uma nota distribuída por ela, com timbre do governo,
fazendo ataques ao candidato do PSDB, José Serra.
Na manhã de hoje, a ministra se reuniu com o presidente Lula e seus
assessores no gabinete. O porta-voz daPresidência, Marcelo Baumbach, fez um pronunciamento em que leu a
carta de demissão de Erenice, dirigida da Lula, na qual ela se disse vítima de
uma “campanha de desqualificação”, que atingiu sua família.
“Solicito em caráter irrevogável que aceite meu pedido de demissão”, informa
a carta de Erenice. Baumbach informou que, interinamente, assume o cargo o
secretário-executivo da Casa Civil, Carlos Eduardo Esteves Lima. Até semana que
vem, será escolhido o ocupante permanente do cargo.
Na carta, Erenice diz
que precisa de tempo para se defender das acusações. E que isso é
incompatível com as atividades que exerce na Casa
Civil.
Correios
Em entrevista a Veja, o consultor Fábio Baracat afirmou que teve
reuniões com Erenice em 2009, quando Dilma ainda era ministra, e este ano para
tratar da renovação da concessão da empresa Master Top Airlines, que presta
serviços aos Correios. Ele afirmou que o filho dela, cobrava propina, para
garantir a concretização do negócio. Dias depois, Baracat negou tratar de
assuntos políticos com Erenice, mas a revista disse ter as declarações
gravadas.
Em repúdio ao noticiário, Erenice divulgou nota do governo criticando a
narrativa dos fatos. Na nota, com timbre do Palácio do Planalto, a ministra faz
referência a Serra como um candidato “já derrotado” e “aético”.
“Chamo a atenção do Brasil para a impressionante e indisfarçável campanha
de difamação que se inicia contra minha pessoa, minha vida e minha família, sem
nada poupar, apenas em favor de um candidato aético e já derrotado, em tentativa
desesperada da criação de um fato novo que anime aqueles a quem o povo
brasileiro tem rejeitado.”
Hoje, a Folha de S.Paulo publicou reportagem em que um consultor e
os sócios da empresa EDRB dizem que obtiveram uma reunião com Erenice
intermediada pelo filho, para obterem um empréstimo de R$ 9 bilhões no BNDES.
Para isso, teriam que pagar R$ 240 mil ao filho da ministra e mais 5% do valor
do empréstimo.
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