Na abertura do Fórum Sindical Mundial, realizado paralelamente ao Fórum Social Mundial, em Belém, o secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, disse na tarde desta quarta-feira (28) que, apesar da crise, o momento é de “aumentar o investimento público”. Em discurso a centenas de sindicalistas que participavam do evento, o ministro defendeu que os benefícios sociais fazem a economia crescer.
“Não é hora de reduzir gasto público e investimento social. A hora é de aumentar o investimento público e manter e aumentar os gastos sociais”, disse Dulci. “Para enfrentar a crise, não é necessária a precarização do trabalho, nem reduzir ainda mais os salários. Isso não é verdade nem para os industriais nem para os empresários ou para os agricultores, porque, com o desemprego ou a redução dos salários, o nível de consumo é menor”, argumentou.
Em entrevista concedida logo após o encontro com os sindicalistas, Dulci abrandou o discurso com gastos públicos e defendeu a livre negociação entre empresas e empregados para evitar mais demissões. O ministro disse que o governo prepara novas medidas para beneficiar o emprego, mas descartou a possibilidade de o Executivo editar nova MP para tratar do assunto.
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“Não queremos fazer de maneira burocrática, mas com a livre negociação. No caminho que o governo tem adotado, o ideal é que haja livre negociação entre as partes”, considerou. “No final do ano já acontecem muitas demissões. Desta vez, esse número foi maior. Mas, ainda assim, o saldo de 2008 foi alto de empregos”, avaliou.
Criatividade
Dulci falou ainda que os empresários brasileiros devem ser criativos para encontrar soluções para a crise em vez de demitir trabalhadores. “Os empresários brasileiros têm muita criatividade. A postura das centrais é de negociação. Acredito que as empresas têm que fazer o mesmo”, defendeu.
Em seu discurso, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, disse que os empresários estão querendo se aproveitar da crise para tirar direito dos trabalhadores. Por sua vez, o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patha, afirmou que não se pode permitir que os empresários “rasguem direito dos trabalhadores”.
“A crise não é trabalhista, é financeira. Não podemos sucumbir a chantagens, como houve na época do [ex-presidente] Fernando Henrique. Querem flexibilizar uma série de direitos. A questão financeira é que deve ser atacada”. (Renata Camargo, de Belém)
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