Fábio Góis
Aos 72 anos, o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia morreu na manhã desta sexta-feira (24), em São Paulo. Com internações no hospital Sírio Libanês desde o início de setembro, Quércia lutava contra um câncer de próstata que havia sido tratado há cerca de 10 anos. O problema de saúde o fez desistir da candidatura ao Senado pelo PMDB nas eleições deste ano – durante o período eleitoral, ficou 36 dias internado, entre agosto e outubro.
Nascido em 18 de agosto de 1938 em Pedregulhos (SP), Quércia integrava uma casta de políticos históricos do partido, a exemplo dos senadores Pedro Simon (RS) e Jarbas Vasconcelos (PR). Em 1989, teve seu nome cogitado para disputar a primeira campanha presidencial após a retomada das eleições diretas, ao lado do então líder sindicalista e deputado federal Luís Inácio Lula da Silva. Mas o PMDB acabou optando pelo “senhor constituinte” Ulysses Guimarães, um dos principais nomes do Movimento Diretas Já.
Jornalista, advogado e administrador de empresas, Quércia iniciou a carreira política como vereador o município paulista de Campinas, em 1962, pelo extinto Partido Libertador. Com o fim do pluripartidarismo, filou-se ao Movimento Democrático Brasileiro, embrião do atual partido, e foi eleito deputado estadual, em1966, e prefeito de Campinas dois anos depois.
Foi eleito senador em 1974 e, com o retorno do sistema pluripartidário, filiou-se ao PMDB em 1980, partido pelo qual foi eleito vice-governador de São Paulo (1983-1987), em 1982, na chapa de Franco Montoro. Quércia governou São Paulo entre 1987 e 1991, depois do que foi eleito presidente nacional do PMDB (1991 e 1993), que fez oposição ao governo do então presidente da República Fernando Collor de Mello. Na época, Quércia apoio o processo de impeachment que tiraria Collor do poder, em 1992.
Tendo vencido Roberto Requião na convenção do PMDB, em 1994, disputou a corrida presidencial para o governo que se iniciaria no ano seguinte, mas acabou em quarto lugar, superado até mesmo pelo candidato do extinto Prona, Enéas Carneiro. Depois de concluir o mandato de governador de São Paulo, em 1991, perdeu todas os pleitos eleitorais de que participou, além da presidencial: novamente ao governo do estado, em 1998 e em 2006, e ao Senado, em 2002.
Mas, com força dentro do PMDB, presidiu o diretório estadual da legenda entre 2001 e 2003, tendo sido reeleito em 2006 e em 2009. Foram quatro mandatos à frente do comando regional do partido.
Condolências
O governador de São Paulo, Alberto Goldman, decretou luto oficial de sete dias. Goldman, aliado político do ex-governador no PMDB até 1997, compareceu ao velório e destacou para a imprensa a importância do peemedebista para a retomada da democracia no país.
O corpo de Quércia está sendo velado no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, onde diversos políticos e personalidades prestam condolências à família do ex-governador. A presidente eleita Dilma Rousseff não compareceu ao velório, mas divulgou nota de pesar em que o classifica como “expoente da resistência democrática”. O corpo será enterrada amanhã (sábado, 25), no Cemitério do Morumbi, zona sul de São Paulo.
Confira a nota de pesar de Dilma:
“Nota à imprensa
É com pesar que recebo a notícia da morte de Orestes Quércia. São Paulo e o Brasil vão se lembrar dele como um expoente da resistência democrática, um governador de muitas realizações e um defensor do desenvolvimento do país. Em todas as circunstâncias, foi um lutador.
Assessoria de imprensa da presidenta eleita Dilma Rousseff”