Leia também
A decretação da perda do mandato foi requerida pelo suplente Hélio Ferraz de Oliveira (PP), que contestava a posse do colega, por ter trocado de partido depois das eleições de 2010. Filiado na época ao PR, Edmar recebeu 45.576 votos naquele ano e ficou na suplência de sua coligação, que incluía ainda o PPS, o DEM e o PSDB. Mas, em outubro do ano passado, ele trocou o PR pelo PTB.
Desde 2007, o TSE considera que o mandato pertence ao partido político e estabelece apenas quatro hipóteses como justa causa para a troca partidária: incorporação ou fusão do partido, criação de nova legenda, mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário ou grave discriminação pessoal. Para Hélio Ferraz, Edmar Moreira perdeu o direito à vaga na Câmara ao ter se filiado a um partido que não fez parte da coligação pela qual disputou as últimas eleições. O processo foi distribuído no TSE ao ministro João Otávio Noronha, que deverá decidir o que fazer com o caso em função do afastamento do petebista.
Dança das cadeiras
Conhecido como Baiano, Hélio não era o próximo na fila para assumir em eventual cassação de Edmar. Teria de esperar pela decisão do prefeito de Conselheiro Lafaiete, Dr. Ivair (PSB). Além de ter a opção de permanecer na prefeitura, ele poderia enfrentar processo semelhante de cassação por infidelidade, já que chegou à suplência pelo PSDB, e depois se filiou ao PSB.
Além de Edmar Moreira, também deixaram a Câmara na última semana outros dois suplentes da mesma coligação: Renato Andrade (PP-MG) e Humberto Souto (PPS-MG). Além de Bilac Pinto, que era secretário estadual de Políticas Públicas, voltaram ao Congresso os titulares Carlos Melles (DEM) e Alexandre Silveira (PSD), que também ocupavam secretarias em Minas. Eles retornaram à Casa para poder disputar a reeleição em outubro.
PublicidadeCota e castelo
Em 2009, então filiado ao DEM, Edmar Moreira renunciou à vice-presidência da Câmara e ao cargo de corregedor após a revelação de que destinava parte da cota parlamentar para uma empresa de segurança da qual era proprietário. Ele acabou absolvido no Conselho de Ética, mas a Casa mudou as regras, para proibir expressamente o parlamentar de mandar verba pública para os seus próprios empreendimentos.
Na época, também foi descoberto que o então deputado tinha um castelo no município de São João Nepomuceno, na Zona da Mata de Minas Gerais. O imóvel, no entanto, não constava da declaração de bens dele. Edmar comprovou que o havia repassado a dois filhos. Recentemente, a propriedade foi posta à venda por R$ 40 milhões.
No ano passado, um deles, o deputado estadual Leonardo Moreira (PSDB-MG) foi indiciado pela Polícia Federal por falsificação de documentos, suspeito de ter escondido e, em seguida, subestimado o valor da propriedade em suas declarações de bens entregues à Justiça eleitoral.
Azeredo
Pivô da dança das cadeiras, Eduardo Azeredo renunciou ao mandato alegando que não queria mais ser “enxovalhado” e que estava com problemas de saúde decorrentes do processo do chamado mensalão mineiro. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedia 22 anos de prisão para Azeredo no Supremo Tribunal Federal, onde o ex-governador de Minas era réu em ação penal, acusado de ser o “maestro” do esquema de desvio de dinheiro público para campanhas eleitorais.
O caso, que também tem o empresário Marcos Valério Fernandes como um dos seus personagens, é considerado o “embrião” do escândalo que abalou o governo Lula. Há duas semanas, porém, o Supremo decidiu que Azeredo será julgado pela Justiça em Minas Gerais por não ser mais parlamentar.
Outros textos sobre verbas e cotas