Líderes da base aliada reagiram à declaração do presidente Lula de que não haverá “porteira fechada” nos ministérios. Nesse modelo, o titular tem autonomia para indicar correligionários para os principais cargos da pasta.
Na primeira reunião com os novos auxiliares ontem (2), o presidente disse que, num governo de coalizão, é “saudável que existam pessoas de outros partidos em outros ministérios”.
“Não é porteira fechada”, avisou o presidente, segundo relato do ministro da Comunicação Social, Franklin Martins. Na semana passada, Lula já havia orientado o novo ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT) a não demitir pessoas ligadas ao PT e à Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Em entrevista à Folha de S. Paulo, o líder do PR na Câmara, Luciano Castro (RR), afirmou que sem "porteira fechada" fica difícil cobrar "eficiência de gestão". "Se "verticaliza" os cargos [concede a porteira fechada ao partido], a responsabilidade de gestão é integral do partido. Se não verticaliza, a responsabilidade é difusa", afirmou.
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Luciano disse não considerar, por enquanto, a possibilidade de defender a nomeação de integrantes do PR para outros ministérios. "Não gosto muito dessa tese. O PR tem o Ministério do Transportes e deve estar no Ministério dos Transportes".
O líder do PSB na Câmara, Márcio França (SP), disse que a decisão de não autorizar a "porteira fechada" tem de ser acompanhada por uma mudança no sistema de preenchimentos dos cargos.
Publicidade"Já que não haverá porteira fechada, precisa haver uma reciprocidade. Não dá mais para acontecer como no primeiro mandato, em que o PT foi ocupando cargos em todos os ministérios sem abrir para os aliados nos ministérios petistas", afirmou França à Folha.
Ao frear a tese da “porteira fechada”, Lula sinaliza com a manutenção de espaço para o PT, que teme perder cargos estratégicos com a abertura do ministério no governo de coalizão. De acordo com levantamento da Folha, os petistas ocupam ao menos 42 postos de comando em pastas entregues a partidos aliados.
Na reunião de ontem, Lula também proibiu os ministros de baterem boca pela mídia e disse que "só quem faz comentários sobre a política externa é o Itamaraty". Apenas dois dos 35 ministros faltaram ao encontro – Matilde Ribeiro (Igualdade Racial), em viagem oficial, e Gilberto Gil (Cultura), de licença. (Edson Sardinha)