O Palácio do Planalto foi avisado por importantes aliados no Congresso que dificilmente o governo consegue aprovar a emenda constitucional da reforma da Previdência, mesmo a médio prazo. A previsão dos aliados de Michel Temer é que as próximas tentativas de levar o tema ao plenário da Câmara, para mudar aposentadorias e pensões, passou para setembro ou outubro. Os governistas admitem que apenas a definição da idade mínima de 65 anos para trabalhadores urbanos e 62 anos para mulheres poder ser um ponto em comum que deve ser aprovado no texto.
Crise política e desgaste eleitoral levam Câmara a frear a reforma da Previdência
“Já falei isto ao presidente Michel Temer há alguns dias e com o Rodrigo Maia também, que hoje chegou o momento de pensarmos somente na idade mínima de 65 anos para homens e 62 para mulheres, e fazer o período de transição”, disse o deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG), amigo de Temer e presidente em exercício da Câmara. O parlamentar substitui Rodrigo Maia (DEM-RJ) que passou a despachar no Palácio do Planalto desde que Temer viajou à Rússia e à Noruega.
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“Vamos resolver a questão da idade, que é urgentíssima, e no próximo governo, daqui a um ano e sete meses, vamos começar a ter uma conversa, um melhor entendimento com toda a população, para que ela saiba realmente o que e o porquê está se votando”, acrescentou Ramalho. O deputado avisou da dificuldade de aprovar alguma coisa além da idade mínima para futuros aposentados há 15 dias.
O parlamentar mineiro é um dos mais próximos a Temer e já fez até viagens ao exterior com o presidente. “No dia em que falei com o presidente sobre aprovar apenas a idade mínima para as aposentadorias ele ficou com os bons ouvidos e bons olhares”, informou Ramalho. “Avisei ao presidente que temos que votar alguma coisa mesmo neste momento de crise. As coisas são gravíssimas, mas temos que resguardar os direitos das pessoas para que elas possam receber (o benefício) no futuro”, disse o parlamentar.
Recuo
O deputado Beto Mansur (PRB-SP), outro aliado e um dos melhores amigos do presidente, também avisou a Temer que a reforma da Previdência enfrentará muitas dificuldades para ser aprovada e, para se contrapor a isto, os governistas precisam retomar as articulações na Câmara para garantir os 308 votos mínimos necessários para aprovar a emenda. O próprio Rodrigo Maia vai liderar as articulações a partir da terça-feira (27) para que se faça um novo controle dos que estão em dúvida e do que o governo precisa fazer para agradar aliados e conseguir o apoio.
Os governistas vão esperar a chagada à Câmara da denúncia contra Temer – pelos crimes de obstrução de Justiça e corrupção passiva – pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para depois tratar da emenda da Previdência. O objetivo da base aliada na Câmara é receber o texto de Janot com a denúncia, analisar rapidamente, rejeitar em plenário e depois pautar a Previdência. Até conseguir pautar a emenda que reforma as aposentadorias, os governistas querem aprovar outros projetos para dá a impressão que o Legislativo não foi afogado pela crise política. “Já falei com o Michel (Temer) e com o Rodrigo (Maia) que precisamos aprovar alguma coisa “, disse Mansur.
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