“A Rede representa, talvez, a melhor expressão do que a gente chama de nova política. No PSB, tem muitos redutos da política patrimonialista. Esta é uma ótima oportunidade de limpar isso. Vamos ver a união dessas forças, agindo sempre com muito cuidado”, defende Young.
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Segundo o vereador, a aliança entre Marina e Eduardo é importante para reforçar as duas lideranças na “construção de um caminho novo”. “Mas não vamos ser ingênuos. Tem muitas questões para resolver. O próprio PSB tem estruturas nos estados que nem sempre estão dispostas a colocar essa visão que foi posta aqui. Essa é uma responsabilidade que o PSB tem”, afirmou o vereador, em entrevista exclusiva ao Congresso em Foco, logo após o ato de filiação de Marina ao Partido Socialista Brasileiro, no último sábado (5).
Protagonista do horário partidário exibido ontem (10) à noite, Eduardo Campos condenou “as velhas práticas políticas” e também falou em “limpeza”, ao criticar a polarização entre petistas e tucanos, principal mote de seu discurso. “Chega de governar se contentando em dizer que no passado já foi pior. Essa conversa já não cabe. Pra começar, precisamos abandonar as velhas práticas políticas”, discursou. “O PSB quer ser o caminho pra gente continuar levando este país para dias melhores. Dá pra fazer. E tem de fazer limpando a política”, emendou.
No ato de filiação, Marina e Eduardo defenderam a quebra da “falsa polarização” e a renovação das práticas políticas. “Não vim para pleitear candidatura, mas para apresentar um programa de realinhamento histórico e sepultar de vez a velha República”, afirmou a ex-ministra do Meio Ambiente.
Casuísmo e aparelhamento
Apesar das críticas, Ricardo Young entende que a filiação de Marina ao PSB foi a melhor saída para a ex-senadora, depois que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negou o registro da Rede Sustentabilidade no último dia 3, dois dias antes do encerramento do prazo para a filiação de quem pretende disputar as próximas eleições. Filiar-se a outra legenda, sem a tradição e a estrutura do PSB, poderia ser visto como “casuísmo” pela sociedade.
Na entrevista a seguir, Ricardo Young acusa o PT e o PMDB de tentarem calar a Rede. “Quando você pega o mapa das assinaturas e os partidos que estão nas prefeituras, há correlação de rejeição com os partidos que se sentiam ameaçados pela Rede, PT e PMDB, sobretudo. Recebemos várias denúncias. Há realmente por parte do governo um aparelhamento extraordinário da sociedade”, critica.
Demoras prejudiciais
Diferentemente de Marina e outros aliados, como os deputados federais Alfredo Sirkis (RJ) e Walter Feldman (SP), que se filiaram ao PSB para poder participar das próximas eleições, o vereador paulistano preferiu se manter no PPS. Mas reconhece que não é um militante do partido presidido pelo deputado Roberto Freire (SP).
“Sou a primeira experiência de candidatura avulsa. Trabalho para que as teses da Rede se disseminem dentro do PPS”, afirma. De lá, só sairá para a Rede Sustentabilidade. Young também lamenta a demora do PPS em oferecer apoio à ex-senadora. “
“Namorou muito o Serra, apostou muito na fusão com o PMN. A Marina ficou insegura”, conta o vereador, que participou da reunião, no último sábado, em que a ex-ministra recusou o convite de filiação feito por Roberto Freire. Na ocasião, a ex-senadora convidou o PPS a aderir à aliança com o PSB. E recebeu um “não” como resposta e críticas à estratégia adotada.
Na entrevista, Ricardo Young admite que seu grupo cometeu erro estratégico. Diz que a Rede demorou a começar o processo de coleta de assinaturas, superestimou os problemas que teria com o Ministério Público, e subestimou a força dos cartórios, que invalidaram mais de 95 mil assinaturas em apoio ao novo partido. Para ele, a Rede conquistará o registro em, no máximo, quatro meses.
Leia a íntegra da entrevista de Ricardo Young
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