Preso ontem (29) no Rio de Janeiro pela Polícia Federal (PF), o deputado estadual e ex-chefe da Polícia Civil fluminense Álvaro Lins (PMDB-RJ) foi solto no final da tarde de hoje (30) graças à aprovação, na Assembléia Legislativa do Rio (Alerj), de um projeto de resolução elaborado pela Comissão de Constituição e Justiça da Casa.
Suspeito de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, corrupção passiva e facilitação ao contrabando, Lins é um dos alvos da Operação Segurança Pública S/A, da PF, que conseguiu junto ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região sete mandados de prisão preventiva e 16 de busca e apreensão. Álvaro tem imunidade parlamentar, o que não impediu sua prisão, uma vez que esta se deu em flagrante delito.
Considerando inconstitucional a prisão do deputado, o plenário da Alerj aprovou por 40 votos a 15, sem abstenções, o projeto que concedeu a liberdade ao deputado. A sessão foi marcada pelo constrangimento, com deputados do Psol fazendo firmes críticas à soltura.
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O projeto precisava de 36 votos para ser aprovado (maioria simples do total de deputados, 70, sendo que 17 deles pertencem à maior bancada, justamente o partido de Álvaro). Para fundamentar seus votos, deputados favoráveis à soltura alegaram que Álvaro tem foro privilegiado, fazendo com que sua prisão exija autorização prévia da própria Alerj.
Documentos apreendidos pela PF na casa do deputado revelariam que ele mantinha, no Rio de Janeiro, um esquema com policiais corruptos que protegiam criminosos envolvidos na disputa pelo controle dos caça-níqueis. O ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PMDB) também está entre os suspeitos de participação no esquema. A Justiça aceitou denúncia contra ambos encaminhada pelo Ministério Público Federal no Rio.
Álvaro Lins esteve à frente da Polícia Civil nas gestões de Garotinho e esposa, Rosinha Garotinho (PMDB). Morador de Copacabana, onde foi preso ontem em flagrante e depois transferido para a Superintendência da PF no centro do Rio, Álvaro ostentaria um padrão de vida que não corresponde aos rendimentos de deputado. Para a PF, Álvaro Lins está em crime permanente de lavagem de dinheiro por morar em apartamento comprado com verba suspeita. (Fábio Góis)