Fábio Góis
O Boletim Administrativo Eletrônico de Pessoal do Senado formalizou nesta quinta-feira (10) a ex-diretora de Recursos Humanos Doris Marize Peixoto como nova diretora-geral da Casa. A posse foi realizada às 10h e comunicada por meio dos atos 15 e 16 do boletim, que anunciam, respectivamente, o desligamento do diretor-geral anterior, o consultor legislativo Haroldo Feitosa Tajra, e a troca de função da analista legislativa.
A servidora pertence aos quadros do Senado desde 1984 ? quando foi efetivada no famigerado ?trem-da-alegria? patrocinado pelo ex-senador Moacyr Dala. Na mesma leva de efetivações foi beneficiado o ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia, que, ao lado do ex-diretor de Recursos Humanos João Carlos Zoghbi, foi apontado em comissão de sindicância como responsável pela edição de centenas de atos administrativos secretos. O trabalho era executado desde 1985.
Os documentos clandestinos serviram para, entre outros desmandos, a contratação de parentes e aliados de senadores e da cúpula administrativa. Tanto Agaciel (eleito deputado distrito pelo PTC) quanto Zoghbi foram exonerados das funções ? na ocasião, Doris ocupou a vaga na Diretoria de Recursos Humanos. Na esteira da crise, o então primeiro-secretário da Casa, Heráclito Fortes (DEM-PI), apadrinhou o nome de Tajra para a Diretoria Geral ? posto administrativo que sempre esteve sob controle de Sarney, que ocupa pela quarta vez a Presidência do Senado.
Alagoana formada em Administração de Empresas pela Universidade de Brasília, Doris exerceu até 2009 ? justamente o ano em que a imprensa trouxe à tona o caso dos atos secretos ? a função de chefe de gabinete da então senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), filha do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), e atual governadora do Maranhão.
Com a promoção, Doris sai da função comissionada FC-4 para a FC-5, com remuneração mais elevada. Ela receberá adicional de remuneração (comissão) apenas para exercer o posto de diretora-geral. O acréscimo por exercício de função de chefia oscila entre R$ 4,1 mil e R$ 6,4 mil. Já Tajra ocupará o cargo de diretor da Secretaria Especial do Interlegis (símbolo FC-4), programa de modernização e integração, com sede própria ao lado do Senado, de todos os níveis do Poder Legislativo (federal, estadual e municipal).