Edson Sardinha
Após obter sua primeira grande vitória, com a rejeição da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) no Senado, o Democratas (DEM) quer se valer da “leveza” de não ter tantos presidenciáveis quanto o PSDB, nem de ocupar cargos tão importantes quanto os tucanos para chegar à frente dos atuais colegas de oposição na corrida sucessória de Lula em 2010.
“Nós temos um cavalo muito mais competitivo, e ainda não temos cabeça, jóquei. Mas teremos vários até lá”, afirma o deputado José Carlos Aleluia (BA), um dos vice-presidentes da legenda. “O PSDB tem uma limitação pelo peso. As pessoas mais fortes têm dificuldade em praticar alguns tipos de esporte que exigem mais agilidade”, complementa o parlamentar.
Aleluia foi o vencedor do Prêmio Congresso em Foco 2007, tendo sido escolhido pelos internautas como o deputado mais atuante de 2007.
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Para ele, a votação da CPMF mostrou que o DEM, novo nome do antigo PFL, é um partido mais “coerente” do que os tucanos na oposição. Na avaliação dele, o fato de o PSDB ter seis governadores – dois dos quais pré-candidatos à presidência da República – prejudica o desempenho dos colegas oposicionistas.
Tucanos claudicantes
“O PSDB é um grande partido, mas ainda tem problemas internos grandes para resolver. Na própria posição do partido diante da CPMF isso ficou claro. O final foi feliz, mas o início foi claudicante”, observa, ao comentar os apelos dos governadores para que a bancada no Senado negociasse com o governo e aprovasse a prorrogação do tributo.
Aleluia atribui a responsabilidade pela rejeição da CPMF mais à falta de habilidade do ministro da Fazenda, Guido Mantega, do que à convicção dos tucanos. “Se fosse o Palocci, não tenho dúvida de que teria feito acordo”, considera.
Oposição em débito
Nesta entrevista exclusiva ao Congresso em Foco, o ex-líder do PFL e da oposição na Câmara surpreende ao admitir sua admiração pessoal pelo presidente Lula, mas não poupa críticas à gestão petista. O deputado também admite que os oposicionistas se equivocam ao priorizar os ataques ao atual governo em detrimento da apresentação de propostas para o país.
“Com a proximidade das eleições de 2008 e 2010, a oposição tem de ser mais propositiva do que nunca. O povo quer saber como nós faríamos nosso governo, e não o que nós achamos do governo atual”, reconhece.
Arena, não
Em seu quinto mandato consecutivo na Câmara, o vice-presidente para assuntos de meio ambiente do DEM afirma que a legenda tem tudo para se projetar como “a novidade” das duas próximas eleições – as primeiras desde quando abandonou o antigo figurino do PFL – firmando-se como um partido de centro, sem vínculo com a direita ou alinhamento automático, moderno e jovem.
“Não participei da Arena, não fui da Arena. Naquela época, eu era do movimento que se opunha ao governo. César Maia é um homem que veio da esquerda”, ressalta, em referência ao partido que sustentou o regime militar e deu origem ao PFL. “Os meninos que estão aí estavam de fralda naquela época”, acrescenta, em alusão ao atual presidente da sigla, deputado Rodrigo Maia (RJ), de 37 anos, e ao deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), de 28.
Partido verde
Reconhecendo que o PFL teve sua culpa pela elevação da carga tributária no governo Fernando Henrique Cardoso, Aleluia diz que o partido não reduzirá sua bandeira à defesa da diminuição dos impostos. Embora abrigue algumas das principais referências da bancada ruralista no Congresso, a legenda também adotará a luta pelo desenvolvimento sustentável como uma de suas referências, avisa.
“A idéia de que o desenvolvimento sustentado inibe o desenvolvimento econômico é um falso dilema”, pondera. “O desenvolvimento com uma economia verde vai gerar benefícios para os produtores rurais que forem tecnologicamente avançados”, garante.
Elogio a Lula
Aos 60 anos, o engenheiro eletricista e ex-professor da Universidade Federal da Bahia confessa que, a despeito das críticas implacáveis que faz ao governo Lula, vê qualidades no presidente da República.
“O maior mérito de Lula é a captação. Ele é capaz de perceber as coisas. Agora mesmo, ele teve uma grande derrota com a CPMF. Mas não se abateu. Jogou a derrota pro colo do ministro da Fazenda e está querendo se apresentar agora como defensor da nossa tese, a do fim do desperdício.”
Para o deputado, a oposição não pode subestimar o potencial eleitoral dos petistas, sobretudo, porque eles ainda têm a máquina administrativa em suas mãos. “O PT está em situação parecida com a nossa. Tem um bom cavalo, mas não tem cavaleiro”, compara. Na avaliação dele, o PT só não é mais competitivo porque ainda apresenta as “contusões” provocadas pelas crises do mensalão e dos sanguessugas.
Já no caso dos Democratas, segundo ele, o desafio é um só: “O partido precisa colocar a cabeça no jóquei, porque o cavalo está pronto”.
Leia a entrevista:
Congresso em Foco – O ano legislativo de 2007 terminou com uma derrota acachapante do governo no Senado, com a derrubada da CPMF. Que leitura é possível fazer deste ano?
José Carlos Aleluia – 2007 era um ano em que o governo vinha reinando absoluto, usando todos os métodos de cooptação, construindo uma base que não correspondia à base das ruas. Era um ano em que ele estava passando o trator na oposição. O primeiro ponto de inflexão não veio do Congresso, mas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) quando respondeu à consulta do Democratas sobre a fidelidade partidária. Consulta essa que foi confirmada pelo Supremo, que deu uma parada definitiva no alto grau de infidelidade que reinava na política brasileira. Depois dessa decisão, nós tivemos o embate pela CPMF, que não era só um embate pela CPMF. O governo estava reinando tão absoluto que chegou a admitir a construção de um mandato vitalício. O terceiro mandato, para nós, era como um presidente perp&eacut
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