Ricardo Tripoli*
Comemoramos hoje (5) o Dia Mundial do Meio Ambiente. Muitos diriam que não há o que comemorar. Realmente, estamos longe do ideal no que se refere a consciência ambiental e ações propriamente ditas. Mas se ganha mais enaltecendo boas práticas do que olhando apenas para o que de pior existe nesse âmbito.
Há anos venho alertando para a ligação da questão ambiental com a economia. Ou seja: ser ambientalmente responsável está intimamente ligado a fatores econômicos. Felizmente, várias empresas se engajaram (ou estão em vias de) porque seus dirigentes perceberam que o futuro dos negócios passa pela sustentabilidade. É claro que nem sempre essas ações estão previstas no core business das grandes companhias – aliás, na maioria dos casos, não é essa a principal motivação para a produção ambientalmente adequada, mas sim o estímulo financeiro e os apelos de marketing possíveis. De qualquer forma, o que importa mesmo são os resultados ambientais, independentemente do mote inicial. E essa atitude, que deve servir de inspiração para os novos modelos de gestão, é fundamental e urgente. Não há mais tempo a perder.
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Pelo lado da população, o que temos a comemorar é essa nova geração, que já nasce consciente, que repreende o adulto que joga papel no chão e que tem no currículo escolar, desde muito cedo, as lições básicas da preservação e do consumo responsável.
Mas e os adultos? Esses vêem as questões sobre meio ambiente de forma simpática, mas distante da sua realidade. E elas não são. Os grandes problemas ambientais hoje são urbanos e, portanto, o papel do cidadão é fundamental. Existe uma imagem deturpada do que é ser ambientalista. Diferente do que pensam, o ambientalista não é só o ativista: aquele que nada com golfinhos, faz parte de uma ONG, se coloca à frente da serra elétrica na Amazônia. Ser ambientalista no cenário atual é praticar pequenos e significativos gestos, mudar hábitos de consumo.
Parece clichê, mas não é. Ambientalista é aquele que não joga lixo na rua, que recicla seu lixo doméstico, economiza água, consome energia de forma consciente e apóia as empresas que são ecologicamente responsáveis, preferindo suas marcas na hora da compra. Enfim, para ser ambientalista, não é necessário ser um especialista em natureza. Os maiores desafios ambientais estão nos grandes centros urbanos e, portanto, nas mãos das pessoas comuns.
Ambientalismo não é assistencialismo. Não é possível que as pessoas confundam as duas coisas. Está claro que preservar a natureza não é só uma questão de qualidade de vida, mas também de sobrevivência. No caso das empresas, ser ambientalmente responsável diz respeito ao futuro econômico de suas corporações.
Sustentabilidade dá lucro, além de ajudar positivamente na imagem da empresa e provar a eficácia em sua gestão.
Neste dia 5 de junho, espero que todas as pessoas, sejam os empresários à frente de seus negócios, o cidadão em seu cotidiano, e principalmente os que estão no poder público assumam a sua cota de responsabilidade nesse processo. Afinal, é uma causa de toda a humanidade. O ser humano consciente dá passos gigantescos em direção a um mundo melhor, com o meio ambiente preservado e em harmonia com todas as formas de vida.
*Ricardo Trípoli é deputado federal (PSDB-SP), ambientalista e advogado. É vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados.