Documentos relacionados à ditadura militar e que foram divulgados apenas nesta quinta-feira (9) apontam que a CIA, agência de inteligência dos Estados Unidos, criticou a expedição do Ato Institucional nº 5 (AI-5) conforme informações do jornal O Globo. A CIA classificou o AI-5, em documentos considerados confidenciais, como fator potencial de aumento da violência cometida por grupos extremistas, que representou uma guinada do Brasil rumo a políticas abertamente autoritárias.
O AI-5 foi expedido em 13 de dezembro de 1968 pela ditadura militar e considerado, na época, o mais duro golpe na democracia, dando poderes quase absolutos aos militares. O AI-5 impôs, por exemplo, censura prévia aos meios de comunicação, deu poder ao presidente da República de assumir as funções legislativas, proibia atos de natureza popular, entre outras ações.
O documento da CIA datado em fevereiro de 1969 dizia que “a proscrição em dezembro (AI-5) de canais democráticos de oposição ao governo certamente levará mais brasileiros em direção ao extremismo”. “Violência atribuída a grupos esquerdistas provoca reação violenta por direitistas, e vice-versa. Uma continuação de atos terroristas vai provocar constrangimento à administração e vai fortalecer a posição de quem é linha-dura no governo e acredita que o presidente Costa e Silva deveria ser mais vigoroso em empregar seus poderes de repressão”, disse a Agência de Inteligência norte-americana na época.
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