O líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), reafirmou hoje (8) que sua intervenção no depoimento da ministra Dilma Rousseff, na Comissão de Infra-Estrutura, foi mal-interpretada. O senador, que ontem leu trecho de uma entrevista em que a ministra admitia que tinha de mentir muito durante a ditadura, também acusou a petista de se aproveitar “emocionalmente” de sua fala.
“A ministra emocionalizou um componente da pergunta. Ela conseguiu contagiar a platéia”, disse Agripino, em entrevista coletiva. Segundo ele, sua intenção era alertar para o risco da volta de um Estado que usa informações para intimidar as pessoas.
Na avaliação dele, a participação da ministra foi “zero” no esclarecimento sobre a existência do dossiê com informações sobre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Desculpas
Minutos antes, o líder do DEM havia sido obrigado a tratar do assunto no plenário do Senado, ao aceitar o pedido de desculpas feito pelo senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
Demóstenes pediu desculpas a Agripino por ter declarado, como mostrou hoje o jornal O Globo, que o senador potiguar “só podia estar dopado” ao invocar o assunto durante o depoimento da ministra. O senador goiano confirmou o teor da declaração, mas disse que ela não reflete o que ele pensa do líder de seu partido.
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“Quero pedir desculpas a vossa excelência, de público. Fui leviano. Não é isso o que penso a respeito de vossa excelência, que é um homem estudioso e honrado. Me penitencio pelo que fiz”, afirmou. “O que quis dizer que foi um momento ruim. Ninguém é obrigado a acertar o tempo todo. Ninguém é extraordinariamente perfeito”, emendou.
Depois de elogiar a postura do colega de partido, José Agripino voltou a destacar que rompeu com o PDS (originário da Arena, partido que apoiava o regime militar), legenda pela qual se elegeu governador, em 1982, para apoiar a realização das eleições diretas e o fim da ditadura.
“Fui obrigado a romper com o meu partido porque resolvi ser o primeiro governador do Nordeste, aquele que vai na frente quebrando o gelo, a declarar que não votaria no candidato do meu partido porque ele não tinha compromisso com o fim do voto indireto”, ressaltou.
Segundo o senador, sua fala estava associada ao receio de que o regime de exceção estivesse voltando ao país com a quebra do sigilo funcional do caseiro Francenildo Santos Costa e a formação de um dossiê contra tucanos.
“A imprensa tem todo direito de escrever o que quer. Minha fala não foi corretamente interpretada. Na interpelação que fiz à ministra Dilma Rousseff eu deixei muito claro a minha solidariedade a ela por ter sido presa e torturada por um regime de exceção que eu havia combatido”, afirmou. (Edson Sardinha e Rodolfo Torres)
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