Nada de economia, política ou denúncias de corrupção. Em suas duas primeiras entrevistas após deixar o Ministério da Fazenda, em 27 de março, Antonio Palocci só falou sobre gripe aviária, assunto das palestras que tem dado desde o mês passado para executivos de grandes empresas.
Médico sanitarista, Palocci disse que voltou para a profissão original e procura agora dedicar-se à medicina social, sua velha paixão, “num tema que tem efeito sobre a minha mais recente paixão, a economia, já que uma pandemia de gripe aviária vai trazer um efeito econômico importante”, disse ao jornal A Cidade.
“O comércio de aves tem sofrido bastante, com uma queda de 25% no consumo de frango. Mas os prejuízos decorrentes de uma pandemia seriam muito maiores, você poderia ter uma paralisação de serviços essenciais, redução do comércio mundial, das atividades de turismo, de negócios. Ou seja, um impacto sobre a economia extremamente forte”, relata Palocci.
Como especialista da gripe aviária, o ex-ministro disse que suas palestras têm “os objetivos de informar e alertar para a gravidade do problema”. Ele chamou a atenção para a probabilidade de uma pandemia de gripe aviária. Para que isso ocorra, ele explicou que falta apenas o vírus causador da doença, o H5N1, ser transmissível de pessoa para pessoa.
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“Hoje já está mais ou menos estabelecido que se você conviver com uma pessoa doente, pode se infectar. Na Indonésia, em uma mesma família, morreram sete das oito pessoas contaminadas. Mas esse tipo de transmissão não é suficiente para provocar uma pandemia. Para isso, o vírus tem de desenvolver uma capacidade de transmissão igual à da gripe comum”, relatou Palocci.
Palocci não descartou sua volta à política. Na única parte da entrevista em que deixou transparecer essa possibilidade, ele afirmou que a retomada da carreira de médico sanitarista é permanente, mas admite que “isso não quer dizer que eu não possa vir a fazer uma atividade política”.
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