O presidente Lula recebe hoje, às 15h, dirigentes das centrais sindicais de trabalhadores para bater o martelo sobre o reajuste do salário mínimo e da tabela do Imposto de Renda (IR) da Pessoa Física. Naquela que será a sexta rodada de negociação entre governo e sindicalistas, Lula deve propor um mínimo de R$ 350, a partir de maio, e uma correção de 8% na tabela do IR. Os sindicalistas ainda tentam convencê-lo a antecipar a data-base para abril.
Em reunião com o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, na semana passada, as centrais aceitaram um reajuste menor para o piso salarial – de R$ 360 para R$ 350 –, mas condicionaram esse apoio à antecipação do aumento para abril. Os sindicalistas exigiam, até então, que o novo valor entrasse em vigor já a partir de março.
Ainda no encontro de quinta-feira, o governo chegou a oferecer às centrais um aumento de 10% nos abatimentos do Imposto de Renda. Em meio à negociação, que se estendeu por oito horas, os sindicalistas admitiram um reajuste menor, de 8%, em troca da antecipação da vigência do novo mínimo para 1º de abril.
A reunião terminou sem acordo, e Marinho ficou de levar a proposta ao presidente Lula. Desde então, técnicos da área econômica e da Comissão Mista de Orçamento no Congresso tentam fechar as contas. Segundo cálculos do governo, a antecipação do reajuste do mínimo em um mês custará R$ 1,068 bilhão aos cofres públicos. O impacto da correção da tabela do IR em 8% será de R$ 1,1 bilhão.
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Mas, apesar da dificuldade no acerto das contas, o governo enxerga na definição desses novos valores, a nove meses das eleições, uma maneira de agradar a dois importantes setores: a classe média e os trabalhadores mais pobres.
De acordo com o relator-geral da proposta orçamentária, deputado Carlito Merss (PT-SC), antecipar em um mês a data-base e compensar com a redução de dois pontos na tabela do Imposto de Renda resultará num extra de R$ 700 milhões para ser incluído no Orçamento, além dos R$ 4,7 bilhões relativos a um salário de R$ 350. A proposta encaminhada inicialmente pelo governo previa um mínimo de apenas R$ 320.
Ao sair de um encontro com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, ontem à noite, Merss afirmou que até aquele momento ainda não se tinha "batido o martelo" sobre nenhuma das duas questões. O maior problema, segundo ele, é que a redução de dois pontos percentuais no reajuste da tabela do Imposto de Renda (de 10% para 8%) diminui em apenas R$ 300 milhões (de R$ 1,3 bilhão para R$ 1 bilhão) a renúncia de receita.
Sindicalistas otimistas
Apesar disso, o clima é de otimismo entre os dirigentes sindicais, que vêem na participação do presidente na reunião de logo mais um sinal de que o governo vai mesmo aceitar a proposta de antecipar o reajuste do mínimo e corrigir em 8% a tabela do IR. “Se houvesse alguma aresta na proposta, Lula teria determinado que fosse aparada com os ministros antes de chamar as centrais em seu gabinete”, avalia o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), João Felício. “Um encontro com o presidente Lula sem acordo não faz o menor sentido, por isso estamos confiantes de que a resposta será positiva”, endossa o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna.
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