Edson Sardinha e Eduardo Militão
O ex-ministro Agnelo Queiroz (PT) é o novo governador do Distrito Federal (DF). O petista teve 875.612 votos (66,10% dos votos válidos). A ex-primeira-dama Weslian Roriz aparece com 449.110 votos (33,90% dos votos válidos). Foram registrados 46.001 votos brancos 109.266 votos nulos. Ao todo, 354.146 eleitores do DF não compareceram às urnas, ou seja, 19,31% do eleitorado se absteve.
Esta será a segunda vez que o PT comandará o Governo do Distrito Federal. Cristovam Buarque, hoje senador pelo PDT, governou entre 1995 e 1998. Com isso, sobe para cinco o número de unidades federativas a serem governadas pelo partido. No primeiro turno, o PT venceu em quatro estados: Acre, Bahia, Sergipe e Rio Grande do Sul. Juntos, o DF e os outros quatro estados têm 29,7 milhões de habitantes.
Weslian entrou na disputa no lugar do marido, o ex-governador Joaquim Roriz, barrado pela Lei da Ficha Limpa. O cacique político do Distrito Federal não conseguiu reverter decisões desfavoráveis nos tribunais eleitorais – nesta semana, o Supremo Tribunal Federal confirmou a validade da lei que afastou Joaquim Roriz da disputa.
Joaquim Roriz e Weslian: tentativa de vencer ficha limpa não deu certo |
Ao final da apuração, Weslian teve só 8.982 votos a mais no segundo turno em relação ao primeiro. Foram 440.128 no primeiro turno e 449.110 no segundo.
Médico
Agnelo tem 52 anos, é médico, baiano e foi ministro do Esporte entre 2003 e 2006 e diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no governo Lula. Está no PT desde 2008. O governador eleito do DF fez carreira política no PCdoB. Foi deputado distrital e deputado federal por três mandatos.
No Congresso, foi um dos autores – ao lado do senador paulista Pedro Piva – da Lei 10.264/2001, mais conhecida como Lei Agnelo-Piva, que prevê repasse de 2% da arrecadação bruta de todas as loterias ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB).
Durante sua gestão à frente do Ministério do Esporte, a polícia investigou desviou de dinheiro do programa Segundo Tempo. O nome de Agnelo foi citado nas investigações da Operação Shaolin, da Polícia Civil do Distrito Federal.
Futuro político
A derrota de Joaquim Roriz significa muito para seu futuro político. Sua carreira como homem público pode se encerrar a partir de agora, embora suas filhas já estejam de posse de mandatos. Roriz governou o Distrito Federal por quatro vezes. Ao término de seus últimos dois mandatos, de 1999 a 2006, foi eleito senador. Ele venceu justamente Agnelo Queiroz, então no PCdoB, que não conseguira convencer o PT a apoiá-lo na disputa para o governo de Brasília.
Mas, logo no início do mandato no Senado, em 2007, Roriz teve que renunciar ao cargo. Ele foi flagrado numa gravação negociando a partilha de um cheque com o empresário Nenê Constantino, descontado no Banco de Brasília (BRB), embora fosse do Banco do Brasil. Segundo Roriz, o dinheiro se referia à venda de uma bezerra. Mas como a Polícia Civil investigava, durante a Operação Aquarela, desvios no BRB, a situação de Roriz ficou insustentável.
Diante do pedido de processo de cassação aberto pelo PSOL, o então senador preferiu renunciar. Mas com o advento da lei da ficha limpa nestas eleições, ficou impedido de disputar um cargo público. Foi barrado pelo Tribunal Regional Eleitoral, pelo Tribunal Superior Eleitoral. E, após muita polêmica, o STF confirmou a validade da lei que afastou Roriz.
Aos 74 anos, Roriz está inelegível até 2022, quando terá 86 anos de idade. Sua carreira política pode estar perto do fim. Entretanto, suas filhas Jaqueline e Liliane devem herdar a trajetória do pai. A primeira foi eleita deputada distrital e, no primeiro turno, conseguiu um mandato na Câmara dos Deputados. Já Liliane herdou a vaga da irmã na Câmara Legislativa como distrital.
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