Eduardo Militão
Agentes de viagens que compravam e vendiam créditos de passagens de parlamentares afirmaram em diversas ocasiões que os próprios deputados negociavam a cota de bilhetes aéreos. A prática vem pelo menos dos anos 90 e se estende até os dias de hoje, segundo relatório da comissão de sindicância da Câmara para apurar o comércio de cotas.
Elói Xaveiro dos Santos, agente e servidor aposentado da Câmara, afirmou à Polícia da Casa que recebia dez ligações por dia de parlamentares lhe oferecendo créditos de passagens. Ele disse que ia ao encontro dos deputados “para efetuar a transação comercial”, segundo depoimento prestado em 1998.
Em 2005, o agente e ex-funcionário da Varig Pedro Damião Pinto Rabelo – processado em ações criminal e por improbidade administrativa, como mostrou o Congresso em Foco – confirmou que atuava diretamente com os parlamentares. Afirmou ainda que “também negocia com os secretários autorizados a movimentar os créditos”.
Pedro Damião comprava as cotas com deságio de 15% a 25% quatro anos atrás. Mais recentemente, essa diferença chegou a 35%, segundo mensagens de correio eletrônico trocadas entre o agente e uma funcionária de gabinete.
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