Suspenso das funções parlamentares por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) continuará a receber o seu salário de R$ 33,7 mil e a ter direito de utilizar o plano de saúde da Câmara. Os demais benefícios, como verba para pagar funcionários e despesas do mandato e auxílio-moradia, serão cortados enquanto vigorar a decisão do Supremo. Os servidores do gabinete dele deverão ser exonerados. A decisão foi tomada no início desta tarde (24) pela Mesa Diretora. O comando da Câmara alega que não é possível legalmente suspender o salário do deputado no período em que ele estiver proibido de participar de votações e apresentar projetos, entre outras coisas.
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Ex-assessor do presidente Michel Temer, Rocha Loures foi flagrado em vídeo recebendo uma mala com R$ 500 mil das mãos do diretor de Relações Institucionais da J&F, Ricardo Saud, delator da Operação Lava Jato. O flagra, somado a outros indícios de crime, rendeu ao suplente, que assumiu na Câmara em 8 de março, a abertura de um inquérito e um pedido de prisão no STF por corrupção e organização criminosa. Ontem o Psol, a Rede e o PSB entraram com representação contra o paranaense no Conselho de Ética da Câmara, pedindo a cassação do mandato dele.
Um dos mais próximos aliados do presidente Michel Temer, o deputado é apontado como seu intermediário para assuntos da J&F com o governo. De acordo com a delação de Joesley e seu irmão Wesley Batista, o paranaense foi indicado pelo próprio presidente para resolver uma disputa relativa ao preço do gás fornecido pela Petrobras à termelétrica do grupo JBS. De acordo com os áudios divulgados, o presidente também orientou Joesley a conversar com o colega de partido para tratar de qualquer assunto.
Em uma das tratativas, Joesley marcou um encontro com Rocha Loures em Brasília e contou sobre sua demanda no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Na ocasião, o empresário ofereceu propina de 5% e o deputado aceitou. O deputado foi filmado pela PF recebendo uma mala de Saud após combinar pagamento semanal de R$ 500 mil pelo período de 20 anos. Os delatores afirmam que o destinatário do dinheiro era o presidente da República.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, Temer disse que Rocha Loures foi “seduzido” por Saud e é uma pessoa de “muito boa índole”. O presidente também negou ter conhecimento de que o assessor estava envolvido em ilegalidades.
Na noite da última segunda-feira (22), Rocha Loures entregou à Polícia Federal em São Paulo a mala que recebeu de Saud. Mas faltavam R$ 35 mil. A mala, de acordo com os delatores Joesley Batista e Wesley Batista, donos da JBS, continha R$ 500 mil, porém, foi devolvida com R$ 465 mil. As cédulas entregues ao deputado estavam numeradas. A PF, agora, investiga onde o dinheiro foi parar.
O afastamento das funções parlamentares também foi determinado pelo Supremo em relação ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), alvo, juntamente com o deputado e o presidente Michel Temer, de inquérito por corrupção, organização criminosa e obstrução da Justiça. Os três são os principais alvos da delação premiada da JBS.
Rocha Loures devolve mala à Polícia Federal faltando R$ 35 mil