Em nota à imprensa divulgada há pouco, o Ministério da Defesa garante que, “após ouvir também os Comandos da Marinha e da Aeronáutica”, as duas Forças não participaram das investigações da Operação Satiagraha, da Polícia Federal. O comunicado foi um complemento à nota divulgada neste sábado (13) pela assessoria de comunicação do ministério, na qual o Exército classifica como “infundada” a denúncia da revista Época desta semana, segundo a qual houve participação da Força nos trabalhos da PF.
“Os esclarecimentos dados pelo Exército, tanto à revista quanto a outros órgãos de imprensa, que abordaram anteriormente o assunto, mostram que a Força investigou na verdade uma denúncia contra um suposto militar do Exército”, diz trecho da nota divulgada sábado. “(…) o investigado não pertencia aos quadros do Exército, pois havia desistido da carreira militar após formar-se no Instituto Militar de Engenharia.”
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Por meio da nota divulgada hoje (15) o Ministério da Defesa informa que, na hipótese de que integrantes da Aeronáutica tenham participado de ações da PF, a Força assegura que isso foi feito “de maneira informal e irregular”. Já a Marinha, continua a nota do ministério, esclarece que “eventuais pedidos de informações cadastrais por parte de autoridades não guardam qualquer relação com processos investigatórios da Força”.
Efeito Dantas
A Operação Satiagraha teve início após a eclosão do escândalo do mensalão, em maio de 2005, para investigar supostos crimes como lavagem de dinheiro, evasão de divisas, gestão fraudulenta, formação de quadrilha e tráfico de influência (movimentações financeiras com informações privilegiadas).
Deflagrada sob o comando do delegado Protógenes Queiroz, a ação da PF culminou com as prisões, entre outros, do economista Daniel Dantas (suposto mentor do esquema), do megainvestidor Naji Nahas e do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, que teriam prestado apoio operacional e político, respectivamente, a Dantas. Os três foram soltos com habeas corpus concedidos pelo Supremo Tribunal Federal.
Hoje, o ministro Nelson Jobim confirmou que irá depor à CPI das Escutas Telefônicas Clandestinas da Câmara, na próxima quarta-feira (17). Na condição de convidado, Jobim deve explicar os termos da obtenção, por parte do Exército em conjunto com a Agência Brasileira de Inteligência, de aparelhos capazes de rastrear e executar interceptações telefônicas. A informação foi prestada à também chamada CPI dos Grampos, no dia 2 de setembro, pelo ministro-chefe do Gabinete Institucional da Presidência da República, general José Armando Félix. (Fábio Góis)
Confira as notas divulgadas pelo Ministério da Defesa:
"Exército nega participação na Operação Satiagraha
O Ministério da Defesa, após ouvir o Comando do Exército, esclarece que é falsa a afirmação contida em reportagem da revista Época desta semana, segundo a qual o Exército teria participado da Operação Satiagraha. Os esclarecimentos dados pelo Exército, tanto à revista quanto a outros órgãos de imprensa, que abordaram anteriormente o assunto, mostram que a Força investigou na verdade uma denúncia contra um suposto militar do Exército.
A denúncia, que mostrou-se infundada, fora feita pelo delegado Protógenes Queiroz e apontava para supostas atividades externas que estariam sendo exercidas irregularmente por um suposto oficial do Exército.
A apuração mostrou que o investigado não pertencia aos quadros do Exército, pois havia desistido da carreira militar após formar-se no Instituto Militar de Engenharia. Desde então, portanto, aquele ex-aluno não tinha qualquer vínculo com a Força." (Ministério da Defesa, 13/09/2008)
"Marinha e Aeronáutica também negam ter participado de investigação
Em complemento à nota divulgada no último dia 13 de setembro, na qual foi negada participação do Comando do Exército em investigação da Operação Satiagraha, o Ministério da Defesa, após ouvir também os Comandos da Marinha e da Aeronáutica, informa que essas duas Forças também não deram qualquer contribuição àquela investigação da Polícia Federal.
Em relação a supostos pedidos de informações da Polícia Federal sobre embarcações, a Marinha também esclareceu que na administração central do Comando não houve solicitações nesse sentindo, e que iniciou levantamento para verificar se alguma demanda administrativa foi feita aos órgãos regionais da Força.
A Marinha esclarece, no entanto, que eventuais pedidos de informações cadastrais por parte de autoridades não guardam qualquer relação com processos investigatórios da Força. A Aeronáutica informou que nem mesmo esse tipo de informação administrativa sobre aeronaves foi solicitado por autoridades governamentais, nem à Administração Central, nem às regionais.
Com relação aos questionamentos sobre a participação de militares da Aeronáutica na operação, a Força informa que ‘não reconhece qualquer participação institucional de militares da FAB na Operação Satiagraha’ e esclarece que, ‘se ocorreu, foi de maneira informal e irregular’. A Aeronáutica informa ainda que, ‘no âmbito do Comando da Aeronáutica, foi instaurado, tempestivamente, procedimento administrativo para averiguar a eventual participação, à revelia, de militares na referida operação’." (Ministério da Defesa, 15/09/2008)
Atualizada às 21:27.