Um dos principais investigados na operação Lava Jato, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) divulgou nota nesta quinta-feira (9) para comunicar que está reassumindo o comando do partido a fim de garantir isonomia de condições entre os dois postulantes à presidência da legenda, o governador de Goiás Marconi Perillo e o senador Tasso Jereissati (CE), que foi presidente interino do PSDB por quase seis meses. Ao reassumir, Aécio transmitiu a direção provisória da legenda para o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman, um dos vice-presidentes tucanos.
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A decisão de Aécio vem exatamente um mês antes da convenção nacional do PSDB que decidirá o novo presidente do partido, marcada para o dia 9 de dezembro. O comunicado divulgado pelo mineiro justifica a decisão para “garantir a desejável isonomia entre os postulantes” ao posto de comandante do PSDB, que atravessa frequentes turbulências desde o afastamento de Aécio do comando tucano. Desde então o PSDB rachou entre “cabeças pretas” e “cabeças brancas”, as alas pró-desembarque do governo de Michel Temer (PMDB) e contra deixar o barco governista, respectivamente.
O senador cearense tinha assumido o comando da sigla após Aécio se afastar do posto, em maio deste ano, após a divulgação de áudios que integravam o acordo de delação dos donos da JBS. Aécio foi gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley Batista. Agora, quase seis meses depois -período em que chegou a ser afastado do cargo de senador e foi obrigado a ficar em casa durante a noite por determinação do STF, mas conseguiu que seus colegas de senado revertessem a decisão 20 dias depois – o mineiro reassume o cargo.
“Estou reassumindo a presidência do partido e, ato contínuo, indicando nosso mais antigo vice-presidente, o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman, para conduzir com imparcialidade a eleição que se dará na convenção nacional marcada para o próximo dia 9 de dezembro”, diz o comunicado.
A candidatura de Tasso à presidência do PSDB foi oficialmente lançada ontem (terça, 8). Apesar de defender uma candidatura única, o parlamentar disputará a liderança da legenda com o governador de Goiás, Marconi Perillo, que já havia oficializado a candidatura para liderar o partido tucano, em contraponto a Tasso.
Repercussão
Minutos após o anúncio, os deputados tucanos Rocha (RN) e Daniel Coelho (CE) se pronunciaram sobre a decisão de Aécio. Em discurso na tribuna, o deputado cearense fez duras críticas a Aécio, Temer e a Alberto Goldman. Ele se disse surpreso com a decisão, e que seus colegas “que não têm comungado com o governo Temer” também foram pegos de surpresa.
Daniel é um dos principais “cabeças pretas” do tucanato e se disse decepcionado, pois acreditou em Aécio e vinculou sua imagem à dele durante as campanhas, por acreditar que ele podia trazer uma politica diferente para o Brasil. Ele classificou a destituição como “falta de respeito e de dignidade”. “O que custava uma ligação do Aécio, avisando que faria intervenção no partido?”, questionou o deputado. Entretanto, fontes ligadas a Tasso disseram que Aécio foi pessoalmente comunicar Tasso de sua decisão.
Coelho afirmou que Goldman, já tinha combinado esse “golpe rasteiro” com Temer e Aécio. Segundo ele, Goldman está em Brasília desde a manhã de hoje para assumir o partido. “Passa-se de todos os limites do respeito”, disse Daniel afirmando ainda que “numa canetada e movimento arbitrário”, os correligionários jogaram no lixo a história do PSDB. Coelho cedeu três minutos de seu tempo para o colega Marcus Pestana (PSDB-MG) falar. Para Pestane, a “autofagia pública” do partido é “inadequada.