O deputado Daniel Coelho (PSDB-PE), que defende o rompimento do PSDB com o governo de Michel Temer, considera que a situação do presidente licenciado da legenda, senador Aécio Neves (MG), amarrou os tucanos ao Palácio do Planalto. Em entrevista ao Congresso em Foco, Daniel Coelho afirmou que as denúncias da Lava Jato contra Aécio deixaram o PSDB “acéfalo” e em dificuldade para votar a favor do andamento das investigações contra Temer. Assim como o peemedebista, o senador mineiro é alvo de denúncia por causa das delações e gravações da JBS, também por corrupção.
A liderança do PSDB na Câmara decidiu, nesta quarta-feira (2), orientar a favor do prosseguimento do pedido de denúncia contra o presidente. Os integrantes da bancada, porém, estão liberados para votar como quiser. “O correto seria o partido conseguir uma posição da Executiva Nacional para a entrega de cargos”, disse o deputado. “Há um prejuízo para a tomada dessa decisão no partido, que são as denúncias contra Aécio. Isso fez com que o partido ficasse acéfalo, sem presidente”, emendou.
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Na avaliação de Daniel Coelho, há maioria dentro da direção do PSDB para deixar o governo. Além dos quatro ministros tucanos, Aécio é o principal fiador da manutenção do apoio a Temer. Segundo o parlamentar pernambucano, o relatório do deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) favorável a Temer causou tensão na bancada. Para ele, a liderança do partido na Câmara deveria ter tomado uma posição mais firme, seguindo a posição da maioria de seus integrantes, ou seja, apoiando o pedido do procurador-geral da República para que o presidente seja investigado.
“A maioria, internamente, se manifestou contra o relatório do Abi-Ackel, e a gente espera que no plenário, isso se confirme através do voto.” Apesar das críticas, Coelho afirma que não acredita que a distribuição de cargos e emendas influencie o voto dos tucanos no plenário da Câmara. “Os deputados estão agindo com independência e votarão de acordo com sua consciência”, disse.
PSDB decide orientar voto contra investigação de Temer, mas libera bancada