Correligionários e adversários do senador Antônio Carlos Magalhães (DEM-BA), falecido hoje (20), se solidarizaram com a família do parlamentar. Todos destacaram a postura polêmica do homem que, conhecido pela sigla ACM, virou líder de um grupo político, fundou um jeito de fazer política, o carlismo, e influenciou a Bahia durante 50 anos.
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Walter Pinheiro: "Maneiras truculentas"
(J. Cruz/Abr)
Além da solidariedade aos familiares, o deputado Walter Pinheiro (PT-BA) rememorou a trajetória do parlamentar. “O que marcou muito foi a forma truculenta de suas maneiras, nem sempre tão democrática assim. E é uma figura que marcou por seu jeito de fazer determinadas brigas pelo estado da Bahia, pois ele se julgava um empreendedor“, contou ele ao Congresso em Foco.
Pinheiro lembra que ACM foi “contumaz” em perseguir seus inimigos, inclusive ele. “A política perde um quadro, senão importante, pelo menos decisivo na vida nacional”, ponderou o petista.
A presidente do Psol, a ex-senadora Heloísa Helena, que travou numerosos embates com ACM no Senado, evitou comentar o falecimento. “Aprendi na minha casa que adversários a gente escolhe em vida. Depois que morrem, a gente reza para irem em paz”, afirmou ela.
Num tom ameno, o senador Aloízio Mercadante (PT-SP) afirmou, em nota, que os “enfrentamentos” com Antônio Carlos Magalhães lhe farão falta. “Neste momento de despedida, só consigo pensar nas qualidades de alguém que construiu toda sua vida como homem público”, iniciou. “Ele fará muita falta ao debate político. Sentirei saudade dos grandes enfrentamentos que tivemos no plenário do Senado.”
Pelas mãos de ACM
O senador César Borges (DEM-BA) disse que a morte de ACM é um “choque” para ele, para a Bahia e para o Brasil. “Fiz minha vida política ao lado de Antônio Carlos. Ingressei na vida política pelas mãos dele e de Luís Eduardo [Magalhães, filho de ACM falecido em 1998]”, contou a este site.
De acordo com Borges, o senador falecido era sempre “atuante, destemido e polêmico”. “Tinha um amor extremado pela Bahia, que se modernizou nos últimos 50 anos. Ele trouxe o pólo petroquímico para cá. A indústria automobilística, a primeira do nordeste”, elogiou o amigo.
Borges disse que o Bolsa-família e o Bolsa-escola tiveram origem no Fundo de Combate à Pobreza, proposto por Antônio Carlos. O orçamento impositivo, aprovado pelo Senado, também foi idéia de ACM, ressaltou.
Reorganização
O presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP), enfatizou a influência do senador falecido nas últimas décadas. Como era um líder de destaque, o petista entende que um ciclo foi encerrado. “Isso vai fazer com que seus liderados se reorganizem em outras bases.”
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Renan obteve avião para senadores acompanharem enterro
(V. Campanato/Abr)
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) classificou de “perda irreparável” a morte de ACM, que também presidiu a Casa. “Vamos ter muita dificuldade para preencher essa lacuna.” Renan disse a Presidência da República atendeu seu pedido para colocar o avião presidencial à disposição dos senadores que quiserem ir a São Paulo, onde ACM morreu, e a Salvador, onde será enterrado.
O deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) destacou a capacidade política de ACM. “Ele soube trabalhar na oposição e principalmente no governo.
A Executiva Nacional do DEM, o partido de ACM, divulgou nota em que enfatiza a coragem do senador na luta contra “os poderosos”. “Temido pelos fortes e adorado pelos fracos, porque jamais teve medo de fazer o que julgava certo e verdadeiro, Antonio Carlos Magalhães teve papel essencial na transição democrática e no fim do regime militar. Ele tinha a coragem de se expor, quando todos se omitiam”, diz o texto, assinado pelo presidente da legenda, o deputado Rodrigo Maia (RJ).
O líder do partido no Senado, José Agripino (RN), escreveu um pequeno comunicado em homenagem ao colega: “Com ele se vai a legenda de uma época. Seu espírito polêmico e seus gestos de amigo solidário vão fazer falta ao Brasil e deixar imensa saudade à Bahia.” (Eduardo Militão)
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