Os senadores da Comissão de Infra-Estrutura do Senado adiaram hoje (18) o depoimento do Roberto Teixeira, advogado e compadre do presidente Lula. Ele é suspeito de praticar tráfico de influência no processo de venda da VarigLog. A data do novo depoimento ainda não foi marcada.
Os três empresários brasileiros sócios do fundo Matlin Patterson na compra da VarigLog não depuseram nesta quarta-feira. Marco Antônio Audi, Luiz Eduardo Gallo e Marcos Haftel também foram convidados para falarem na comissão, mas alegaram sua convocação para uma audiência na 17ª Vara Cível de São Paulo sobre o caso.
Sem dos empresários, a oposição temia que Teixeira não tivesse do que se explicar. O líder do DEM, José Agripino (RN), ponderou que, se o compadre de Lula falasse hoje, não ficaria disposto a prestar novos esclarecimentos depois de os sócios brasileiros serem ouvidos. “O doutor Roberto Teixeira tem que vir depois dos depoimentos dos diretores da VarigLog na Justiça”, disse Agripino.
Oportunidade
O senador Delcídio Amaral (PT-MS) até considerou “lógico” o argumento da oposição, mas entende que DEM e PSDB perderam a oportunidade de ouvir Teixeira. “Poderíamos ter aproveitado para ouvi-lo sobre fatos novos”, comentou o senador da base aliada. “Ele já entregou um texto. Acho difícil o retorno dele.”
Delcídio desqualificou a denúncia da ex-diretora da Anac Denise Abreu, que acusou a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, de interferir na venda da Varig indevidamente. Para o senador, o debate agora é sobre a ilegalidade da compra de uma empresa nacional por estrangeiros. “É mais uma briga da Justiça que uma questão do parlamento.”
O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), não vê problemas se Teixeira não voltar à Comissão de Infra-estrutura. “Depois das eleições, nós fazemos uma CPI”, afirmou. Ao contrário das comissões comuns, as CPIs têm poder de convocar testemunhas para depoimentos. (Tatiana Damasceno e Eduardo Militão)
Atualizada às 12h51