Acusado de ser o distribuidor do mensalão na bancada do PMDB, o advogado Roberto Bertholdo vai protocolar amanhã, em Brasília, um pedido para que a Procuradoria Geral da República o escute nas investigações que apuram casos de corrupção no governo federal. Segundo a colnista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, ele pretende dar um depoimento sobre “todos os casos de corrupção que envolvem o governo” e “outras situações” que ocorreriam de forma “sistemática” entre políticos.
Bertholdo está preso no Paraná sob acusação de grampear um juiz do Estado e de “torturar” um ex-sócio. O advogado foi apontado pela revista Veja desta semana como operador do mensalão dentro do PMDB.
Segundo a revista, baseada em gravações do seu ex-sócio, ele distribuía os recursos para 55 dos 81 deputados peemedebistas, na época em que era assessor do então líder da bancada da Câmara, José Borba (PR). Envolvido no escândalo, Borba renunciou ao mandato no ano passado para evitar a cassação.
Bertholdo também teria ainda intermediado um acordo entre Ratinho e o PT para que o apresentador do SBT falasse bem do partido em 2004. Ratinho nega. À Folha, Bertholdo diz que “as histórias da Veja não são verdadeiras” e que “o mensalão nunca existiu no PMDB”.
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O advogado diz que revelará fatos que envolvem outros partidos “da base aliada”. “Eu sei de outras coisas relacionadas a outros partidos. Sei como está sendo feita essa corrupção. Toda a corrupção é feita sempre com dinheiro vivo. E eu sei, por exemplo, quem opera e quem transforma recursos em dinheiro vivo para ser distribuído a deputados”, afirmou à colunista.
De acordo com ele, as revelações vão mostrar que “outros braços”, além de bancos já citados no escândalo, são fonte de dinheiro vivo para a corrupção. “É um grupo de doleiros. Alguns já foram depor na CPI. Muitos mentiram. Eles estão articulados. São todos capitaneados por um deputado federal do Paraná, que pega o dinheiro e distribui a vários deputados da base aliada.”
Bertholdo disse que o deputado que operava o esquema – cujo nome não revelou – fazia tudo “combinado com o presidente [da República], mas eu nem acredito que ele dizia a verdade”. O advogado não quis revelar dos doleiros e dos parlamentares para quem tais recursos seriam distribuídos.
A Folha perguntou também de onde viria o dinheiro vivo distribuído a deputados – se do governo federal e de estatais ou de empresas privadas com interesses nos negócios do Estado. “Provavelmente vão chegar a Furnas, a diferentes fundos de pensão e a histórias que não se fecharam até agora.”
O advogado participou do governo Lula. Ele foi indicado, no início do governo do PT, para fazer parte do conselho da Itaipu Binacional, indicado pelo PMDB do Paraná. Bertholdo diz que as histórias que contará aos procuradores “demandam apuração” para que sejam provadas.