Fábio Góis
No início do mês, as investigações da operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, que desvendaram um dos mais sérios escândalos da história do Governo do Distrito Federal, complicaram ainda mais o histórico de processos judiciais (114 ao todo) do ex-governador Joaquim Roriz.
De acordo com o inquérito em curso no Superior Tribunal de Justiça (STJ), Roriz é o “pai” do esquema de pagamento de propina conhecido como mensalão do Arruda e desbaratado no final de 2009 (leia tudo e assista a vídeos sobre o “Panetonegate”). Arruda foi preso em 11 de fevereiro em decorrências das denúncias.
Investigação aponta Roriz como ‘pai’ do mensalão do Arruda
E Arruda continuava atrás das grades, até ser solto no dia 12 de abril, depois 61 dias preso. Havia risco de intervenção federal na capital da República. A corrida para preencher sua vaga estava a pleno vapor. Ao fim, Rogério Rosso (PMDB), que já havia trabalhado nos governos Arruda e Roriz, foi eleito governador-tampão.
Dez candidatos vão disputar eleição indireta no Distrito Federal
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Sementes
O mês de abril começava com o artigo da colunista Renata Camargo sobre o eterno dilema das sementes transgênicas, ou geneticamente modificadas. No texto, a repórter veiculou o “belíssimo” documentário Mulheres da Terra, sobre o trabalho de camponesas de Santa Catarina com a preservação das sementes crioulas. “O documentário é tocante e revela a lógica da real sustentabilidade e a manutenção de uma agricultura sustentável, onde o plantio convive pacificamente com áreas de preservação”, relata.
Sementes crioulas contra ‘promessas transgênicas’
A pseudo-campanha Faça Cocô no Escuro
A questão verde explorada semanalmente pela comunista teve ingredientes extras com a visita do diretor de Hollywood James Cameron, do filme Avatar. Cameron foi à Esplanada acompanhado de entidades ambientalistas protestar contra a construção de uma usina hidrelétrica no Pará.
Equipe de Avatar protesta contra Usina Belo Monte
Depois dos assuntos ambientais, esse site voltou à realidade pré-eleitoral, tratando das recomendações da “boa conduta” feita pela Advocacia Geral da União (AGU) aos potenciais candidatos, que desaguaram em apenas R$ 15 mil reais em multas nos primórdios de abril. Destoando da conduta complacente da AGU, as representações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra agentes públicos, inclusive o presidente Lula, avançam e tratam exatamente do assunto desprezado.
Este site, a propósito, adiantava no dia 4 o calendário eleitoral.
Talvez alheio a essa mesma realidade, o presidente Lula dizia que seu governo havia operado “revolução educacional”. Membro desse mesmo governo, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, anuncia sua desistência em disputar cargo eletivo e a permanência na instituição financeira.
Eleições 2010
O período pré-eleitoral esquentava em abril. Levantamento exclusivo deste site mostrou que, devido às desincompatibilizações de candidatos e seus respectivos cargos no Executivo, a campanha mudou um terço dos governadores.
E o Vox Populi registrava um dos primeiros empates técnicos entre os então presidenciáveis Dilma Rousseff e José Serra. Em maio, o tucano lançava a candidatura. Aécio Neves (MG), eleito senador, ao seu lado, mas recusando lançar-se à vice-Presidência.
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Enquanto os candidatos se digladiavam nas ruas ou por meio da mídia, a Câmara se fingia de morta ante os primeiros movimentos pela aprovação da Lei da Ficha Limpa no Congresso. Em vão: o projeto não só foi aprovado no Parlamento e chancelado pelo Tribunal Superior Eleitoral como barrou – ou levou à desistência – diversos políticos com ficha suja.
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Aumenta pressão popular pela votação da ficha limpa
PEC 300
Enquanto as urnas não vinham, a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição 300/08, que fixa o piso salarial de bombeiros e policiais, não saía. Em consequência, aumentava a pressão para que o Congresso decidisse a questão.
Deputados cobram retomada da votação da PEC 300
Pressão por piso salarial aumentará no Congresso
Pressão para retomar votação da PEC 300
A morosidade na análise das matérias em pauta foi escancarada em outra reportagem exclusiva deste site. Milhares de proposições na gaveta, em um ano de eleições e plenário esvaziado.
2,4 mil projetos à espera de votação no Congresso
Parlamentares dizem que zerar fila é impossível
E, como agravante, ainda há a questão das medidas provisórias e outras encomendas do Planalto…
80% do que é aprovado no Congresso vem do governo
Denúncia
Um ano depois da série de reportagens exclusivas do Congresso em Foco sobre a farra das passagens, o dia 14 de abril mostrava a persistência da impunidade parlamentar.
Um ano de farra, nenhum parlamentar punido
Falta responsabilizar parlamentares
Câmara diz baixar gasto de R$ 78 milhões para R$ 47 milhões
Reportagem exclusiva deste site publicada em 6 de abril mostrava que Justiça Federal em Mato Grosso levou onze meses para citar Erai Maggi, considerado o maior produtor de soja do Brasil, pelo crime de trabalho escravo.
Outro material exclusivo do Congresso em Foco mostrava que, em 13 de abril, computadores doados por deputados a setores da sociedade civil não haviam chegado aos devidos destinos.
O arsenal de reportagens exclusivas ganhava corpo com o caso do “candidato fantasma” e servidor do Senado que, inexplicavelmente, batia ponto na Casa, diariamente, enquanto fazia campanha em Mato Grosso. A publicação da matéria, às portas de abril (31 de março), levou a abertura de sindicância na instituição.
Fraude no ponto: Senado abre sindicância depois de reportagem
Enquanto isso, em Brasília, membros do Ministério Público planejavam para o dia 5 uma mobilização nacional contra a Lei Maluf, ou Lei da Mordaça, que busca punir procuradores por vazamentos de informações dos processos sob suas responsabilidades.
Procuradores protestam contra Lei Maluf
Bem ao seu estilo, o deputado ironizava a rejeição ao seu projeto.
Maluf: “Por que promotores têm medo da Justiça?”
No Planalto, chegava a boa notícia para o presidente Lula: ele continuaria fora, segundo o Supremo, da tal “sofisticada quadrilha” do mensalão apontada pelo ministro-relator Joaquim Barbosa.
STF nega pedido para incluir Lula como réu do mensalão
Além do mensalão, outro famigerado fantasma de corrupção ressurgia: o escândalo das sanguessugas, que consistia em desvio de recursos públicos por meio de superfaturamento na compra de ambulâncias.
Ex-deputado sanguessuga confessa crime e cobra punições
Leia toda a restrospectiva de 2010