O ministro-chefe do Gabinete Institucional da Presidência da República (GSI), general José Armando Félix, disse há pouco que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), em parceria com o Exército, adquiriu equipamentos capazes de identificar, por meio de varreduras eletrônicas, escutas telefônicas clandestinas. A afirmação foi proferida por Félix no depoimento que presta nesse instante à CPI dos Grampos, há cerca de cinco horas, na Câmara dos Deputados.
Em tese, os equipamentos também poderiam executar os chamados grampos telefônicos. No entanto, sublinhou o general, a Abin ainda não está certa de que os aparelhos podem realizar escutas – motivo pelo qual solicitou a técnicos do Exército um levantamento sobre todas as funções dos aparelhos.
"Afirmo que foi comprado como equipamento de varredura. Se permite complementares, vamos fazer essa perícia”, disse Félix, acrescentando que os aparelhos foram obtidos nos Estados Unidos. “São equipamentos comprados com verbas ostensivas. As Forças Armadas compram no exterior, porque ficam muito mais baratos do que quando são importados aqui."
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O ministro-chefe da GSI disse ainda não ver problemas na aquisição, uma vez que, segundo ele, os órgãos de inteligência de todas as nações desenvolvidas possuem tal aparelho. Félix lembrou que a agência tem como uma de suas incumbências a realização de rastreamentos e escutas ambientais. Já os grampos telefônicos, destacou, são prerrogativas investigativas da Polícia Federal, desde que sejam autorizados pela Justiça.
Mau profissional
O general admitiu que agentes da Abin podem ter grampeado o escritório do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, mas não "institucionalmente". Para Félix, a escuta nesse caso teria sido ação de algum "mau profissional" da agência.
Em sua interpelação, o deputado Laerte Bessa (PMDB-DF) disse não acreditar na hipótese. “Não acredito que a Abin esteja envolvida com esse grampo. Pode ser que algum bandido travestido de servidor esteja por trás disso. Mas não quero acreditar”, disse o parlamentar.
A despeito de sua confiança nas investigações da Polícia Federal, Bessa reafirmou o respeito pelo general, mas disse que o depoimento não trará contribuições para a CPI. “Tenho certeza de que a PF vai chegar ao autor das escutas. E não vai ser na Abin, não.” (Fábio Góis)