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Sua promoção ao posto de presidenciável foi marcada por um embate com o secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira. Histórico no partido, ele estava à frente da campanha presidencial de Eduardo. Foi designado por ele para solucionar problemas nas alianças políticas, mas também para tratar de questões financeiras. Nesse posto, ganhou alguns devotos.
Sua saída da campanha após o entrevero com Marina resultou em outra deserção. Milton Coelho – outro homem de confiança de Eduardo e integrante da executiva nacional – também formalizou sua saída da coordenação de mobilização da campanha.
Ambos representam o incômodo de boa parte dos correligionários com a ex-senadora, sentimento alimentado, em boa medida, pela forma como ela se colocou após ser escolhida para substituir Eduardo na chapa.
São Paulo
Um dos mais avessos à ascensão de Marina é o deputado federal Márcio França (SP), ex-líder da bancada na Câmara. A ex-senadora trabalhou para evitar que se concretizasse a aliança do PSB com o PSDB em São Paulo, onde França fez valer seu desejo de ser candidato a vice do governador tucano Geraldo Alckmin. Marina preferia ver o ex-deputado federal Walter Feldman (PSB-SP), um dos articuladores da Rede Sustentabilidade, como candidato ao governo paulista.
Na última terça-feira (19), França disse a jornalistas que não queria fotos de Marina Silva em sua campanha. “Vou continuar usando a imagem de Eduardo Campos. Ele é o maior eleitor do Brasil hoje”, afirmou, evidenciando suas dificuldades de relacionamento com a nova candidata.
Outro integrante do PSB que não pretende se empenhar na eleição de Marina Silva é Paulo Bornhausen, candidato a senador em Santa Catarina. A candidata condenou a parceria fechada por Eduardo Campos no estado e também deixou claro que não apareceria nos eventos de campanha do candidato, dada a ligação política da família com setores tidos como conservadores. Paulo é filho do ex-senador Jorge Bornhausen (SC), ex-presidente do PFL, atual DEM.
Engrossam a lista de adversários internos de Marina os prefeitos de Campinas (SP), Jonas Donizette, e de Cuiabá, Mauro Mendes, que também resistem a apoiar a nova candidata. Candidato a deputado federal, o presidente do Atlético Mineiro, Alexandre Kalil, anunciou a desistência de sua candidatura em razão da morte de Eduardo Campos. “Nada neste partido me interessa. O que me interessava caiu de avião. Eu nem piso no partido. Estou me lixando para este partido”, disse em entrevista coletiva, após Marina fazer pressão pelo rompimento do PSB com os tucanos mineiros.
Santinhos
Severino Araújo, presidente do PSB no Paraná e militante histórico do partido, é outro que não esconde sua apreensão em relação à situação do partido sob a representação de Marina. “Carlos Siqueira é o esteio do partido. A Marina não pode chegar assim e achar que vai tocar ele de lá. Cabe a ela aglutinar e, dessa maneira, ela está desagregando”, ponderou. Araújo se disse muito irritado com os demais integrantes da Rede Sustentabilidade. Queixou-se da posição de Marina de não querer abraçar igualmente todas as candidaturas do partido.
“Aqui no Paraná a nossa aliança é com o Beto Richa, do PSDB. No dia em que Eduardo Campos morreu, eu tinha acabado de pedir que a gráfica imprimisse 22 milhões de santinhos. Cancelei e mandei imprimir agora 30 milhões com foto dela com os nossos deputados estaduais e com o Beto. Eu quero ver ela dizer que não pode. Ela é candidata pelo PSB”, disse Severino Araújo ao Congresso em Foco.
Fotógrafo nascido no município pernambucano de Passira, distante 100 quilômetros do Recife, Araújo comanda a legenda no Paraná desde que Miguel Arraes assumiu a presidência do PSB, no início da década de 1990. Com o golpe militar, o ex-governador pernambucano partiu para o exílio na Argélia e Severino se escondeu no interior do Paraná, onde acabou construindo sua vida pessoal e política após a redemocratização do país.
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