Roseann Kennedy*
A eleição no meio de um feriado prolongado deve contribuir para aumentar o índice de abstenção nas urnas, e isso tem gerado muita preocupação no núcleo das duas campanhas presidenciais. É que, além do feriado de Finados, há o dia do servidor – 28 de outubro, que foi transferido em alguns locais para esticar o folgão.
No Judiciário, por exemplo, os funcionários estão liberados já a partir desta sexta-feira e a expectativa do Tribunal Regional Eleitoral em Brasília é de que a abstenção cresça até 5% na comparação com o primeiro turno.
Frente a uma campanha política nada empolgante e que trocou o debate político pela baixaria na maior parte do tempo, dá para apostar que certamente muita gente não vai abrir mão de descansar para votar.
Viajei por todas as regiões do País nesse segundo turno e ouvi muitas pessoas afirmando que curtiriam o feriadão e justificariam ausência na Justiça eleitoral.
Também, paciência, com a burocracia para votar e a falta de esperança nesse pleito político, como querer estimular o eleitor?
Seria muito mais simples se a pessoa pudesse votar em qualquer estado. Bastaria apresentar seu documento e votar, num sistema de informática interligado.
Mas, como a burocracia ainda impera, o voto em trânsito só foi possível em capitais e se a pessoa pedisse a transferência provisória do título, com muita, muita antecedência. Algo que também foge ao tradicional jeito brasileiro de deixar tudo para última hora.
Então, há motivo para preocupação na cúpula da campanha da petista Dilma Roussef e do tucano José Serra. Principalmente porque o acirramento da disputa ficou muito maior nesse segundo turno e as pesquisas de intenção de voto não são mais motivo de tranqüilidade para nenhum dos lados.
No PT, então, a ordem foi mobilizar as bases aliadas e a militância para que orientem a população a só viajar depois de votar. Até o presidente Lula tem feito esse apelo. No PSDB, a tentativa é de orientar os eleitores sobre a importância do voto, com o argumento de que o não comparecimento às urnas prejudica a democracia como um todo.
*Roseann Kennedy é comentarista da CBN. Escreve esta coluna exclusiva para o Congresso em Foco de segunda a sexta-feira