Veja a íntegra do depoimento de Lula à PF
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Nesta etapa a Lava Jato investiga a relação do ex-presidente e de seus familiares com as empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção na Petrobras. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF) e com a Polícia Federal, há indícios de que o ex-presidente recebeu vantagens indevidas de empreiteiras investigadas. Estão no foco das análises das investigações principalmente um apartamento tríplex no Guarujá, reformas em um sítio em Atibaia (SP) e pagamentos por palestras por meio do Instituto Lula e da empresa LILS Palestras, que pertence a Luiz Inácio Lula da Silva e leva as iniciais de seu nome na sigla.
Lula foi levado coercitivamente para prestar depoimento à Polícia Federal. A defesa do ex-presidente chegou a pedir que o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendesse o procedimento, mas o pedido foi negado pela ministra Rosa Weber. Os advogados alegaram que a maneira como Lula foi levado para depor foi “desnecessária”. Em nota, divulgada à época, o Instituto Lula afirmou que a ação da Polícia Federal foi “arbitrária, ilegal e injustificável”
Durante o depoimento, os advogados questionaram a Polícia Federal sobre a condução coercitiva. Os delegados se defenderam. “Ordem judicial a gente cumpre, não questiona”, disse o policial. Porém, o delegado alertou que a forma como ex-presidente foi levado para depor “talvez favoreça o próprio intimando (Lula)”.
Doações
Grande parte das questões apresentadas ao ex-presidente envolveram as doações feitas por empreiteiras ao Instituto Lula. O ex-presidente afirmou que as doações não dependem de contrapartida e disse que não recebe, nem pede, pessoalmente, dinheiro aos doadores. Segundo ele, só quem recebe dinheiro em nome do Instituto é o presidente Paulo Okamotto e a diretora Clara Ant.
O ex-presidente afirmou que “é possível” que empresas investigadas pela Lava Jato tenham feito doações ao seu Instituto. Sobre a Camargo Correa, o ex-presidente atacou citando o também ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. A Camargo Correa “deu para o Instituto metade do que deu para o Fernando Henrique, e deveria ter dado mais para nós”, disse Lula.
Sobre o dinheiro que recebe com suas palestras, por meio da LILS, que as investigações suspeitam que tenham sido usado pelo Instituto Lula, o ex-presidente afirmou que também faz palestras contratadas pelo Instituto.”A receita das palestras fica na LILS e vai ser utilizada depois que todas as empresas que vocês (PF e MPF) estão destruindo neste país não puderam contribuir mais financeiramente, o dinheiro (das palestras) vai ser usado para manter o Instituto”, disse.
Tríplex
À Polícia Federal, Lula reafirmou que o apartamento tríplex no Guarujá não é dele. O ex-presidente disse que o Ministério Público vai ter que provar que o apartamento pertence a ele e aconselhou a Polícia Federal a mandar “prender um cidadão do Ministério Público” que diz que o apartamento é dele.
“Porque eu tenho um apartamento que não é meu, eu não paguei, estou querendo receber o dinheiro que eu paguei, um procurador disse que é meu, a revista Veja diz que é meu, a Folha diz que é meu, a Polícia Federal inventa história do tríplex, que foi uma sacanagem homérica, inventa história de típlex, inventa história de uma offshore do Panamá que veio para cá, que tinha vendido prédio, toda uma história para me ligar à Lava Jato”, atacou.
Candidato em 2018
“Vou ser candidato à presidência em 2019 porque acho que muita gente que fez desaforo pra mim, vai aguentar desaforo daqui pra frente. Vão ter que ter coragem para me tornar inelegível”, disse o ex-presidente. “Nem o que estão tentando fazer comigo agora vai fazer com que eu mude de posição”, avisou o ex-presidente.
Sítio em Atibaia
Lula negou mais uma vez que não sabia da reforma no Sítio Santa Bárbara, em Atibaia, São Paulo. Disse ainda que a PF deve perguntar aos donos do sítio se alguma construtora havia feito reforma no local.
A força-tarefa afirma que as empreiteiras OAS, Odebrecht e o pecuarista José Carlos Bumlai pagaram uma reforma e custearam a aquisição de móveis para o sítio.
Empresas do filho
Segundo as investigações, a empresa G4 Entretenimento e Tecnologia, que pertence ao filho de Lula, recebeu um pagamento de R$ 1 milhão do Instituto Lula. O petista afirma não ter conhecimento dos pagamentos, mas afirma que, se a empresa recebeu um pagamento é porque prestou um serviço.
Veja a íntegra do depoimento de Lula à PF