Diego Moraes
“Todo mundo sabe que ninguém vence uma eleição (para deputado) com menos de R$ 1 milhão”, disse o cassado deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), durante depoimento ao Conselho de Ética da Câmara. Em sua última eleição, Jefferson declarou ter gasto cerca de R$ 145 mil na campanha eleitoral. Entre a frase de Jefferson e sua declaração oficial, existe um hiato contábil chamado caixa dois e que coloca em xeque as campanhas eleitorais, como a do ex-parlamentar.
O candidato Robson Vieira (PSB-DF), por exemplo, concorreu à Câmara. Disse ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que gastou R$ 4 mil na campanha. Recebeu, dos eleitores, 1.007 votos. O candidato do PDT João Eustáquio da Costa declarou ao TSE ter gasto apenas R$ 10 na campanha. Mesmo não eleito, Eustáquio levou a melhor que Robson: teve 1.068 votos, 61 a mais do que o socialista.
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O deputado eleito com o menor número de votos na disputa em 2002 no DF foi Alberto Fraga (PFL). Recebeu 26.939 votos – cerca de 26 vezes mais que José Eustáquio. Para alcançar tal desempenho, porém, o peefelista desembolsou R$ 94,4 mil, cerca de 9 mil vezes mais que seu concorrente.
No Maranhão, o candidato Agemiro Medeiros (PMN), aspirante a uma vaga de deputado federal em 2002, declarou à Justiça Eleitoral ter investido somente R$ 12 nas eleições. Recebeu 1.378 votos. Mesmo tendo gastos declarados de R$ 100, um de seus adversário no estado, o petebista Francisco Martins Santos não recebeu sequer o seu voto. Entre os maranhenses eleitos, Dr. Ribamar Alves (PSB) teve 34.468 votos, mas, para tanto, desembolsou R$ 10,6 mil. Gastou 830 vezes mais que Agemiro.
Piauí, o melhor custo-benefício
No Piauí, o candidato Luiz Gonzaga Filho (antigo PPB) precisou de R$ 5 para conseguir seus 1.615 votos quando concorreu à Câmara em 2002. Não foi eleito, mas fez a campanha com a melhor relação custo/benefício do país. Cada voto dele custou R$ 0,003. Na tabela de gastos de Gonzaga Filho, nada além de despesas com taxas bancárias.
Outro candidato que também concorreu a uma vaga de deputado pelo estado, Carlos Alberto da Costa (PHS), gastou mais que Gonzaga e, mesmo assim, não conquistou um eleitorado tão robusto. Investiu R$ 25 em sua campanha para levar os 184 votos contados nas urnas. Os gastos, no entanto, estão bem abaixo do que a piauiense mais votada gastou nas últimas eleições. Para vencer a disputa e conseguir seus 165.190 votos, a ex-deputada Francisca Trindade (PT), eleita em 2002, precisou investir R$ 37,4 mil em sua campanha.