O SR. NATAN DONADON (PMDB-RO. Sem revisão do orador.) – Srs. Deputados, Sras. Deputadas, amigos Deputados e Deputadas, Presidente Henrique Alves, na pessoa de quem saúdo toda a Mesa Diretora, funcionários do Poder Legislativo, é difícil para mim estar aqui neste momento em que háacusações, um processo do Supremo Tribunal Federal transitado em julgado, a imprensa dizendo muita coisa, distorcendo muita coisa, omitindo a verdade.
Eu acabo de chegar do presídio da Papuda. Hoje, dia 28, completam 2 meses que lá estou preso, sendo tratado como um preso qualquer, um preso comum.
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É muito difícil para mim estar passando por esta situação, numa prisão, num isolamento, Prisão de Segurança Máxima — PSM, numa ala em que os companheiros de prisão dizemP-0, prisão zero, porque não tem nada.
Agora, na hora de vir para cá, pouco antes, fui tomar um banho, e faltou água na torneira. Lá não há chuveiro, é uma torneira de água fria, e justamente hoje faltou água. E eu tive que — estava todo ensaboado e acabou a água do presídio — recorrer a um preso ao lado da minha cela. Ele tinha algumas garrafinhas de água, não era água mineral, mas garrafinhas nas quais ele guardava água, porque ele dizia que às vezes faltava.
Eu sempre tinha um balde — porque nós temos um balde que usamos lá —, porque lá o vaso sanitário é igual aos dos banheiros públicos, enfim, postos de gasolina. Então, há um balde, e a gente sempre guarda um balde de água cheia, justamente para, quando acabar a água, você ter ali uma água reservada. E eu sempre fiz isso, mas hoje, um dia muito diferente, atípico, de todos os dias, eu não pude fazer isso. E, na hora em que eu fui tomar banho, acabou a água. Daí o colega tinha algumas garrafinhas de água guardadas, e eu as pedi a ele. Acabei de tomar banho com essas poucas garrafinhas de água que ele me emprestou.
Vim algemado de lá para cá, nunca tinha entrado em um camburão na minha vida, nunca tinha pensado que isso fosse acontecer, fui algemado atrás pelas mãos. Eu tenho uma certa fobia e pedi aos agentes que me trouxessem na frente, mas eles disseram que não podiam. Mas Deus me acompanhou, me deu forças, me deu resignação para que eu pudesse vir de lá para cá, guardado por Deus.
Nesses 60 dias que eu estou preso lá, tenho sofrido muito. Tenho sofrido muito. É desumano o que um prisioneiro passa, o que eu passei nesses dias. A minha família tem sofrido muito. Estão comigo aqui a minha esposa, a Rosângela, a minha filha, a Rebeca, que está findando o curso de Medicina aqui na Faculdade Católica, meus assessores também estão aqui, meu filho, Natan, também está presente aqui neste momento.
Foi difícil tomar a decisão de vir aqui. Até hoje, dia de visita, quarta-feira, a Rebeca, minha filha, disse: Pai, eu não quero que o senhor vá. Eu não quero que o senhor vá porque eu não quero ver a situação de humilhação de talvez o senhor ser execrado pela imprensa.
Mas eu falei: Filha, eu preciso ir, por duas razões. Eu preciso ir, primeiramente, para esclarecer os nobres Deputados e Deputadas amigas da minha inocência, eu preciso ir. Só a verdade me trouxe aqui. Eu não viria aqui se eu não tivesse a verdade, se não fosse para dizer só a verdade. Eu não teria coragem. Não adiantaria nada eu vir aqui hoje para mentir ou para dizer o que eu vou dizer, como verdade, sendo verdade, e se a minha consciência dissesse o contrário, se a minha consciência não me acusasse daquilo que eu vou dizer. Eu não conseguiria falar uma coisa se a minha consciência estivesse dizendo que aquilo não era verdade.
Então, vim aqui porque eu estou tendo, pela primeira vez — pela primeira vez, Sras. e Srs. Deputados —, a oportunidade de me defender, a oportunidade de dizer a verdade sobre tudo isso para os Deputados e para as Deputadas, para a imprensa, que distorceu todos os fatos.
Lamento muito a mídia nacional, grande parte dela, ser sensacionalista e irresponsável.
A verdade nem sempre dá notícia. O que dá notícia são outras coisas. A verdade não interessa a muitos veículos de comunicação.
O outro motivo que me trouxe aqui, além de fazer a minha defesa, de falar ao povo brasileiro sobre minha inocência, époder dizer que eu sou inocente das acusações que estão impondo contra mim.
Vejo o relatório do nobre Deputado Relator dessa Representação nº 20 dizendo absurdos, dizendo asneiras, coisas que não conferem com o meu caráter, com a minha vida pública.
Eu convivi com vocês aqui. Estou no meu 3º mandato como Deputado Federal — no meu 3º mandato como Deputado Federal. Nunca tive uma conduta em desacordo, nunca fiz algo que desabonasse a minha conduta como Deputado Federal. Sempre trabalhei com dignidade, com respeito, respeitando o meu mandato, respeitando a minha família, respeitando esta Casa parlamentar, respeitando o povo brasileiro, respeitando o povo de Rondônia, respeitando opovo que me elegeu como Deputado Federal.
Depois dessa acusação absurda que foi feita pelo Ministério Público de Rondônia, já fui eleito duas vezes Deputado Federal pela população do Estado de Rondônia.
E eu lamento o ponto em que o Relator disse que eu seria um risco para a sociedade como Deputado Federal. Que absurdo! Estou há 9 anos com vocês. Quem não conhece a minha conduta, a minha postura, a amizade que eu tenho com todos? Nunca fiz inimizade nesta Casa, sempre trabalhando com
muito carinho e com muito amor e respeitando todos os direitos e deveres.
Nos últimos dias, caros amigos e amigas Deputadas, tenho sofrido bastante. Inclusive financeiramente, tenho passado dificuldades. Não sei por que razão, mas a Mesa Diretora ou o Presidente desta Casa suspendeu o meu mandato, suspendeuo meu gabinete. Há 2 meses eu não recebo salário; há 2 meses os meus servidores e os meus assessores estão desamparados. O trabalho que eu vinha fazendo tive que parar no meio do caminho, porque não pude dar sequencia a ele.
Mas este bottoneu tenho aqui. Eu ainda sou Deputado Federal. Entendo eu e entendem os meus advogados que a Mesa e o Presidente não poderiam ter feito isso, mas fizeram. O Presidente eu não culpo nem tenho ressentimento contra ele. V.Exa. sempre honrei. Trabalhamos juntos, como Líderes e como Presidente do seu partido, mas, enfim, foi essa a decisão tomada.
Eu tenho sofrido muito financeiramente.
Minha filha faz faculdade. Até para alugarmos uma casa hoje estamos com dificuldade. A Câmara determinou que eu abandonasse, que eu saísse do apartamento. Minha esposa veio aqui e até pediu pelo amor de Deus à Câmara não fizesse isso, até porque eu sou Deputado ainda. Eu sou Deputado. Não acho justo terem suspendido todos os meus direitos, meu salário, com o qual sobrevivo, sendo Deputado.
Meu filho, Natan, passou no vestibular recentemente, em Cuiabá,para Medicina. Em mais de 2 mil candidatos, passou em 33º lugar. E ele me disse: Pai, eu não vou para lá. A faculdade é particular, e eu sei que nós estamos numa situação financeira difícil. Eu vou prestar outro vestibular, eu sei que posso fazer e passar numa faculdade pública. Eu falei: Meu filho, vá. Deus proverá. Nós damos um jeito. Sempre esperamos esse momento em que você passasse. Há mais de 2 anos ele faz cursinho para Medicina, e passou. Mas ele não foi, preocupado com o pai dele na cadeia, preocupado com a mãe dele, com a família, com o momento difícil por que eu passo.
Mas agora eu quero entrar nesse fato dessa acusação absurda que me fizeram há 17 anos. Isso foi em 1997. No ano de 1997, meu irmão, Deputado Estadual com 21 anos, saindo da adolescência, 21 anos — menino —, foi eleito Deputado Estadual em Rondônia e eleito Presidente da Assembleia Legislativa de Rondônia. Com 21 anos de idade!
Talvez, na época, o Presidente mais novo do Brasil. Eu morava em Colorado do Oeste e era Secretário de Fazendo daquele Município. Já mexia com recursos financeiros. Nunca houve uma acusação, nunca fiz nada ilícito. Muito pelo contrário, eu era sempre muito zeloso pela coisa pública. Sempre fui muito zeloso pelo Erário.
Eu me lembro, em Colorado ainda, quando eu era Secretário de Fazenda, às vezes, durante o dia, não tinha condições de examinar os processos para pagamentos e eu tinha que atender os fornecedores. À noite, eu ia à Prefeitura de Colorado do Oeste para examinar os processos, folha por folha, capa a capa, para que, no dia seguinte, eu pudesse fazer o pagamento, sabendo que estaria fazendo o pagamento certo, o pagamento correto, o pagamento dentro da lei.
Eu fui para Porto Velho a convite do meu irmão Marco Antônio, para ajudá-lo em Porto Velho. Fui como chefe de gabinete, não fui, primeiramente, como diretor financeiro. Fiquei uns tempos como chefe de gabinete dele. No período que ele assumiu, em 2005, ele montou a sua equipe de trabalho, nomeou os diretores, nomeou o Diretor-Geral da Assembleia, inclusive o diretor financeiro geral da Assembleia. Eu não fui o primeiro diretor da Assembleia a assumir o cargo, eu fui o segundo diretor. Então, houve um diretor financeiro que assumiu antes de mim, isso em 2005. Ali fez todos os procedimentos, como licitação, não só dessa empresa de publicidade, para prestar serviços institucionais à Assembleia Legislativa, como de todos os demais contratos e pagamentos que ali fazia.
Chegou um dado momento em que eu fui convidado para assumir o departamento financeiro. E eu o assumi, para ajudar o meu irmão Marco Antônio, mas com todos os procedimentos já feitos. Já haviam contratado as empresas. Já haviam sido feitas as licitações. Inclusive, em relação a essa empresa de publicidade, já havia pagamentos feitos. O diretor antes de mim, inclusive — pasmem! —, não foi acusado pelo Ministério Público.
Eu dei sequência apenas aos pagamentos, cumprindo com o meu dever — não só ao pagamento dessa empresa, como aos demais pagamentos. Nunca fiz nada de ilícito. Nunca desviei 1 centavo da Assembleia Legislativa do Estado de Rondônia. Aqui na Câmara dos Deputados deve ser o mesmo procedimento. Lá, na Assembleia, havia uma comissão para o recebimento de serviços que atestava as notas fiscais. Vinham devidamente atestadas as notas fiscais. Um parecer geral do Procurador da Assembleia Legislativa dizia que o processo estava apto para pagamento. Também havia um parecer da Controladoria interna e do Departamento de Imprensa. Vinham fitas cassetes, jornais, toda uma documentação para pagamento.
Como que eu não iria pagar? Estava tudo legal, lícito, legalmente dentro da lei. Uma comissão, por decreto, nomeada para receber os serviços e os materiais, devidamente atestada, Sr. Presidente. Inclusive, quando faltava uma assinatura, eu fazia questão de pedir a um funcionário que colhesse a assinatura do último membro da comissão de recebimento de serviços, para que não faltasse nenhuma assinatura, para que o processo fosse devidamente pago, legalmente.
Eu não sei os senhores, mas, no meu lugar, qualquer um faria. Estava legal. Eu nunca fiz nada ilegal, nunca fiz nada fora da lei, eu nunca desviei um centavo. Essa acusação é absurda, é injusta!
Mas eu fiquei 9 meses — em 97, eu assumi —, fiquei 9 meses na Assembleia Legislativa de Rondônia. Em 97, no comecinho de 98, eu pedi exoneração do cargo para concorrer à minha primeira eleição, em 98, a Deputado Federal.
Depois que eu pedi exoneração, depois que eu já estava quase 1 ano fora da Assembleia Legislativa, fiquei sabendo que o Ministério Público de Rondônia tinha invadido a Assembleia Legislativa. Invadiram a Assembleia. Entraram, arrombaram e invadiram a Assembleia Legislativa. Levaram documentos, levaram caixas. Atéhoje eu me lembro de jornais publicados com fotos de Promotores com caixa nas costas, e levaram documentos embora.
Depois de certo tempo, uns meses depois ou anos depois, eu fiquei sabendo que o Ministério Público tinha entrado com uma acusação de formação de quadrilha, de peculato, contra algumas outras pessoas e também contra mim. Eu fiquei pasmado, absurdamente assustado com isso. Mas por quê? Tudo o que eu fiz foi legal!
O Ministério Público dizia que não tinha sido executado o serviço, mas e aqueles papéis que vieram até a minha mão? E as notas fiscais que vieram até a minha mão? O Relator que fez aqui o relatório na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania dizendo que não havia nota fiscal? Claro que havia notas fiscais! Existiam volumes, porque era muito papel. A TV Amazônica, que representa a TV Globo em Rondônia, o jornal O Diário do Amazonas, o jornal Alto Madeira, o jornal Estadão e outros jornais do interior… Essa empresa fez os pagamentos devidos, mas por que o Ministério Público alega que não foi executado o serviço, que foram desviados 8 milhões, e me coloca como chefe de quadrilha? Que absurdo! Nunca pertenci à quadrilha nenhuma.
O Ministério Público diz que eu fui cooptado por uma suposta quadrilha, cooptado. Eu nunca fui chefe de quadrilha, nunca pertenci a quadrilha nenhuma. Mas o Ministério Público disse que o serviço não foi executado porque não tinha encontrado o processo na Assembleia — isso, anos depois. Eu fiquei sabendo, pela mídia, que eles tinham invadidoe depois, na acusação. Diziam eles que o serviço não tinha sido prestado porque não havia nota fiscal, não havia comprovante, não havia nada.
Mas o que eu tenho a ver com isso? Se o processo sumiu, se eles não encontraram documentos, Sr. Presidente, eles éque deviam ter investigado.
As provas que eram para me condenar eles trouxeram para o Supremo. As provas que eram para me condenar vieram para o Supremo, mas as provas que me absolviam não vieram. Nenhuma!
Por que não quebraram o sigilo bancário das empresas? Nós dissemos: Quebrem o sigilo bancários das empresas, e vocês verão que eles receberam. Por que eles não investigaram? Se eles quisessem, eles descobririam quem tinha sumido com o processo, onde o processa estava, quem seria o responsável. Mas me culpar ou aos demais também?
Como Deus está no céu, pelo que é mais sagrado, por Deus e pela minha família, eu não seria louco ou quase louco para assinar pagamentos sem documentos. Eu não era louco, não estava ficando, nem estou, porque não fiquei loucoaté hoje. Sr. Presidente, eu fiz os pagamentos legais. Eu não desviei 1 centavo, Srs. Deputados. Pelo amor de Deus, façam justiça!
Eu nem culpo o Supremo, porque o Ministério Público não mandou as provas que me absolviam; eles colheram as provas. Não encontraram processo, não encontraram documentos. Então, vamos condenar todo o mundo. É muito fácil.
O Ministério Público de Rondônia sabe que o serviço foi executado, Presidente — eles sabem. Se eles quisessem descobrir, seria muito simples. Nós pedimos: Quebrem o sigilo bancário. O meu foi quebrado, e não encontraram nada. Por que o meu foi quebrado, Presidente? E nós solicitamos: Quebrem o sigilo bancário das empresas então, e vocês verão que o serviço foi executado. Se o processo sumiu, se vocês não o encontraram, é muito simples. O que eles queriam eles conseguiram: condenar.
Mas se eles quisessem investigar — eles têm condições, têm capacidade, têm preparo; e se eles não os tivessem, que pedissem à Polícia Judiciária para que fizessem as investigações para descobrir a verdade, Presidente, mas não culpar um inocente. Veja a minha declaração de Imposto de Renda. Eu sótenho uma casa. No meu terceiro mandato, eu só tenho uma casa. Cadê o dinheiro, Presidente? A mídia fala em 8 milhões. Que absurdo! Disseram que eu fui … O Ministério Público disse que eu fui cooptado. Quem cooptou foi o Ministério Público. Ninguém me cooptou. Cadê?
Os cheques que eu assinei estão lá, no Supremo Tribunal Federal, para quem quiser ver. Eu assinei cheques em conjunto com o Presidente de 1 milhão e 600. Eu deveria estar respondendo por 800 mil reais. Acusação falsa, porque nunca desviei nada. Mas eram 800 mil. Eu assinei em 9 meses, no ano de 1997 … (O microfone é desligado.)Em 1997 ou 2007 … Em 1997 …
Presidente, por gentileza, …
O SR. PRESIDENTE (Henrique Eduardo Alves) – Deputado, mais 2 minutos a V.Exa. para concluir.
O SR. NATAN DONADON – Para concluir.
(Manifestação do Plenário: Deixa ele falar! Deixa ele falar!)
O SR. NATAN DONADON – Obrigado.
Em 1997 … Desculpe, eu me perdi um pouco, meu amigo, … Ah, dos cheques.
Nos 9 meses em que eu fiquei na Assembleia Legislativa de Rondônia, meus amigos, companheiros — tenho respeito por todos vocês nesses três mandatos em que estive aqui —, eu paguei um valor de 1 milhão e 600 …
Por que a mídia não fala a verdade? Por que eles não disseram isso? É 1 milhão e 600 mil reais! E eu seria corresponsável, então, por responder por 800 mil reais! Não que eu tenha feito isso, mas é para dizer aos senhores o quanto que está distorcido esse negócio.
Com relação à minha renúncia, por exemplo, eu renunciei em 2010, mesmo com todas as críticas em cima de mim. Em 2010, eu fui eleito Deputado Federal em Rondônia, talvez o único — está aqui Milton Capixaba, meu amigo, que é testemunha —; todos que estavam no Ficha Limpa, estavam com a candidatura indeferida por causa desse processo. Mas, naquela época, em 2010, eu fui candidato normalmente e eleito Deputado Federal. Mas a população, os adversários diziam: Não vota nele, porque, se votar, não adianta ganhar que ele não vai ser Deputado Federal. Não adianta votar. Mesmo assim, Srs. Deputados, no meu terceiro mandato… a minha votação sempre aumentou.
Nesse último mandato, eu fiz 27 mil votos na primeira; não fui eleito por causa do coeficiente; na segunda, 28; na terceira, 32; e na quarta, agora, 43 mil votos, mesmo no Ficha Limpa. A população de Rondônia me conhece; a população da minha região me conhece. Pesquisa recente na minha região…
Enquanto o nobre Relator diz que eu sou um risco para a sociedade… Que absurdo! Como Deputado Federal, eu ofereci risco aos senhores? Eu ofereci risco ao povo de Rondônia? Muito pelo contrário; uma pesquisa mostrou, Sr. Presidente, 82% de aprovação no meu mandato, na minha cidade, Vilhena, com quase 100 mil habitantes, 82% de aprovação, e sempre a Oposição batendo nessas questões todas, mas a população conhece a minha conduta, conhece o meu coração.
Eu não vim aqui para dizer mentiras; se viesse para mentir, eu não viria, eu não viria para mentir. A minha consciência não permite isso. A Bíblia diz: E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. Nada pode contra a verdade, a não ser a favor da verdade. Eu estou dizendo a verdade aos senhores.
Condenaram-me em 2010, a Ministra Cármen Lúcia, Relatora. Cassaram meu mandato e julgaram um ex-Deputado. Aí, a Ministra Cármen Lúcia me acusou de fraude processual, de subterfúgios, porque eu renunciei, mas éum direito meu. Mas não foi por causa disso não, porque, se tivessem que acusar alguém de fraude processual, eu tinha que acusá-la, porque ela ficou 2 anos com o meu processo. Dois anos nas mãos da Ministra Cármen Lúcia! Por que ela foi julgá-lo às carreiras?
Eu não tive opção; eu renunciei. Por que eu renunciei? Não foi por subterfúgios, não foi por fraude, não foi isso. Primeiro, o Supremo tinha um precedente: Ronaldo Cunha Lima — renunciou e o processo desceu. Eu confiei no Supremo, eu confiei na jurisprudência, na conduta do Supremo Tribunal Federal. Achei que eles fossem me tratar com igualdade, mas não me trataram, julgaram um ex-Deputado.
Se eu voltasse a Rondônia, talvez ou quase certeza, eu teria sido absolvido, e não estaria preso. Por que os corréus, que são acusados, Srs. Deputados, com penas mais graves do que a minha, até como chefe de quadrilha, pegaram 6 anos?
E eu,como cooptado, Presidente, como pego 13 anos, 4 meses e 10 dias? Que explicação tem isso? O meu advogado, conversando com a Relatora, ela disse: Mas e as vozes da rua? O meu advogado, pasmo, disse: Eu não estou acreditando; eu estou assustado, Ministra, com o que a senhora está dizendo!
Quando Celso de Mello disse que o Supremo está para fazer a justiça e cumprir a lei… As vozes da rua, com todo respeito, crucificaram Jesus. Há manifestações, procedem, tudo certo, tudo bem. Mas temos que ter muito cuidado. Mas o que assustou o meu advogado foi ela dizer E as vozes da rua? Meu Deus do céu!
Sr. Presidente, para encerrar. Por que eu renunciei, Presidente? Por que eu renunciei? Primeiro, pelo precedente. Ou não é um direito meu renunciar? Não é um direito de todos nós a qualquer momento que nós quisermos? Não foi por fraude. A Ministra segurou 2 anos.
Ministra Carmem Lúcia, eu não estou acusando a senhora de nada; eu sóestou dizendo a verdade. Eu vim aqui para dizer a verdade. Eu nunca desviei 1 centavo de lugar nenhum! Se o Ministério Público não encontrou processo, se sumiu o processo, como eles falam, que não havia nota fiscal, mas eu não sou culpado! Que procurem os responsáveis! Quebrem o sigilo bancário de quem for.
Mas o Ministério Público teve interesse, Presidente, porque o que ele queria tinha na mão, que era a acusação, que era me condenar!
Mas era simples, se quiserem achar o culpado. Eu só não acho justo condenar um inocente!
Só para finalizar, Presidente, aqui, Por que eu renunciei? Primeiro, pelo Presidente. Segundo, já estava em vigência a Lei do Ficha Limpa, de 2010. Eu ganhei as eleições, porque o povo de Rondônia me ama. Eles têm respeito pelo meu trabalho — pelo meu trabalho. O…. É…. Eu estava dizendo aqui…
A Lei do Ficha Limpa estava em vigor. Por que eu ia submeter a uma única…. Com todo o respeito ao Supremo, com todo o… É a nossa maior Corte do País! Mas eu já não era mais Deputado! Faltavam 2 meses. Eu renunciei dia 20 de outubro de 2010. Faltavam 2 meses e pouquinho para terminar o mandato. Por que eu ia submeter-me a uma única instância, sendo que a probabilidade de eu assumir era quase zero? Por que a Leido Ficha Limpa… Inclusive havia sido julgada, àquela época, a candidatura do Joaquim Roriz, e ele foi impedido de ser candidato. Dificilmente eu poderia ser Deputado, Presidente. Por que eu ia, com todo respeito à Corte, pegar… ser…? Sendo que eu poderia ir para uma instância e começar e ser absolvido como os corréus, com acusações mais graves do que a minha?
Houve menos da metade. Inclusive o meu advogado vai entrar com revisão criminal. Creio em Deus e na Justiça; eles farão justiça. Mas eu sei que esta Casa é independente, e aqui eu queria ter essa oportunidade para falar a vocês, ao Brasil, ao Supremo, ao Ministério Público.
Sr. Presidente, eu fui acusado de fraude. Mas, espere aí, quem ficou 2 anos com o processo sem julgar não fui eu! O processo poderia ter sido julgado antes. Foi jogado em cima das minhas costas, ao se dizer que eu estava fraudando, usando subterfúgio para fugir da pena de um dos crimes que ia prescrever, mas não fui eu que fiquei 2 anos com o processo parado lá. Não fui eu. As duas razões por que eu renunciei não foram nem por fraude, nem por medo, nem por nada. Foi porque a probabilidade de eu assumir era quase zero, principalmente julgado pelo Supremo, quando a pressão da mídia nacional dizia que a Corte em 30, 40, 50 anos nunca condenou um Deputado. Eu fiquei com medo. Também falei: Por que eu vou ser julgado por uma única instância, sendo que dificilmente eu vou assumir o mandato? Mas me condenaram, mesmo sem ser Deputado Federal. Eu, um cidadão comum, fui julgado e condenado há 13 anos: injustiça.
Meus amigos Deputados Federais — amo todos vocês, amo a minha profissão, gosto de fazer política, de trabalhar —, com todo o respeito a vocês, acreditem em mim. Quantas pessoas inocentes estão presas por aí e depois de alguns anos se descobre? É possível.
O Ministério Público não permitiu. Ele poderia ter permitido. Eu pedi para quebrarem o sigilo das empresas, mas eles não me atenderam, não quebraram, porque eu ia encontrar provas que me ajudariam, que iriam me beneficiar, que iriam me absolver, que iriam me inocentar! Mas não era interessante para eles. Não era interessante!
Inclusive, essa foi a questão da PEC 37, não foi? E se é a questão de que quem acusa deve fazer a investigação, aqui está um caso concreto. Se eles quisessem descobrir a verdade, quem… E eu ainda sendo irmão do Deputado Presidente. Botaram-me, disseram que eu fui cooptado pela quadrilha. Eu nunca desviei um centavo.
Quero olhar aqui nos olhos de vocês. Pelo que é mais sagrado, pela minha família e por Deus, eu não desviei. Eu sou inocente. Acreditem na verdade. Eu peço uma oportunidade a vocês, ao povo brasileiro que está me vendo neste momento, ao Supremo, a quem quer que seja. Eu sou inocente. Não tirem o meu mandato. Deus sabe que eu estou dizendo a verdade.
Se eles não encontraram documentos e por isso disseram que não foi executado o serviço, problema de quem ficou no meu lugar, de quem foi para frente. Eu saí, e isso aconteceu bem depois. Enquanto eu estava lá, eu não era louco. Não sou louco. Quem é doido de pagar alguma coisa sem documentação? Havia fardos assim de volumes, volumes na minha sala, volumes de papéis!
Presidente, como Deus está no Céu, eu não seria louco de pagar a ninguém sem nota fiscal! Eu não seria… Meu Deus do Céu! A minha conduta não permite isso, minha formação não permite isso. Eu não sou ladrão,eu nunca roubei nada!
É uma acusação injusta, e estamos provando junto à justiça a minha inocência.
Povo brasileiro, Srs. Deputados, por favor, me absolvam. Esta Casa é independente.
Eu vim aqui para dizer a verdade, para esclarecer a verdade a vocês: eu nunca desviei um centavo de lugar nenhum, sempre fui muito correto nas minhas coisas, graças a Deus! Vim aqui para ficar de consciência tranquila, porque, se eu não viesse, eu ia ficar com a consciência pesada de ter o direito de me defender e não fazê-lo.
O SR. PRESIDENTE (Henrique Eduardo Alves) – Peço para concluir, Sr. Deputado.
O SR. NATAN DONADON – Mas a verdade vos libertará.
Obrigada, Presidente.
Presidente, disse alguma coisa?
O SR. PRESIDENTE (Henrique Eduardo Alves) – Não. Só o tempo de V.Exa….
O SR. NATAN DONADON – Muito obrigado pelo tempo.
Eu poderia dizer outras coisas aqui, mas, nessa hora, saí de onde eu saí… Eu vou encerrar. Saí algemado, no camburão. Vim pedindo a Deus misericórdia, porque eu tenho fobia de andar algemado, ainda mais no camburão. Se saí de lá para vir aqui, é porque eu vim para dizer a verdade, senão eu não viria.
Meu advogado, César Stéfanes… Está ali meu advogado.
Eu vou encerrar com 10, 15 segundos.
Obrigado César.
Creio que vai ser dispensada a palavra do advogado. Com as minhas palavras, está dita toda a verdade. Eu vim porque…
O SR. PRESIDENTE(Henrique Eduardo Alves) – Peço para concluir, Sr. Deputado
O SR. NATAN DONADON – A verdade, senão eu não viria aqui…
Srs. Deputados, em nome da justiça e da verdade, muito obrigado por me ouvir.
Obrigado, obrigado.