“Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, durante sessão solene destinada a inaugurar a 2ª Sessão Legislativa Ordinária da 55ª Legislatura do Congresso Nacional
Câmara dos Deputados, 02 de fevereiro de 2016
Senhor senador Renan Calheiros, presidente do Congresso Nacional,
Senhor deputado Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados,
Ministro Ricardo Lewandowisky, presidente do Supremo Tribunal Federal,
Senhoras e senhores, chefes de missão diplomática acreditados junto ao meu governo,
Senhoras e senhores ministro de Estado,
Membros da mesa do Congresso Nacional: deputado Waldir Maranhão, primeiro vice-presidente; deputado Beto Mansur, primeiro secretário.
Senhoras e senhores senadores,
PublicidadeSenhoras e senhores deputados federais,
Senhoras e senhores jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas.
Senhoras e senhores,
Na abertura do ano legislativo de 2016 volto a me dirigir ao Congresso Nacional para cumprir o dever constitucional de prestar contas das atividades do Executivo federal em 2015. E indicar as prioridades para o exercício que se inicia em 2016.
Espero, ao longo deste ano, contar, mais uma vez, com a parceria do Congresso Nacional para fazermos o Brasil alcançar patamares mais altos de justiça, solidariedade e igualdade de oportunidades.
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O Brasil precisa da contribuição do Congresso Nacional, para dar sequência à estabilização fiscal e assegurar a retomada do crescimento. Esses objetivos não são contraditórios, pois o crescimento duradouro da economia depende da expansão do investimento público e do investimento privado. O que, por sua vez, requer equilíbrio fiscal e controle da inflação.
Neste ano legislativo queremos construir, mais uma vez com o Congresso Nacional, uma agenda. Uma agenda priorizando as medidas que vão permitir a transição do ajuste fiscal para uma reforma fiscal. Queremos construir as bases para a sustentabilidade fiscal no médio e longo prazos, estabelecendo um cenário de maior confiança na economia brasileira. Vamos propor reformas que alterem permanentemente a taxa de crescimento de nossas despesas primárias. Queremos discutir com o Congresso Nacional a fixação de um limite global para o crescimento do gasto primário do governo, para dar mais previsibilidade à política fiscal e melhorar a qualidade das ações de governo.
Ao mesmo tempo, como teremos limitado controle da evolução da Receita, necessária se torna também a adoção de uma margem de flutuação do resultado fiscal, para acomodar sua volatilidade. Precisamos combinar metas mais flexíveis de resultados, com limites mais estritos para o gasto. Ainda no primeiro semestre apresentaremos ao Congresso uma proposta para análise.
Queremos adotar um processo continuado de reforma de nossos programas, de nossas políticas, a fim de eliminar distorções e excessos e visando preservar todos aqueles que são essenciais.
Começamos esse processo no ano passado, aperfeiçoando regras de programas de transferência de renda, de educação e de crédito direcionado. Revisamos, com o apoio do Congresso, regras do Seguro-Desemprego e do Abono Salarial, tornando estes programas mais sustentáveis. Fizemos o mesmo com o Fies, na área de Educação. E estamos fazendo agora, com o Ciência Sem Fronteira e o Pronatec. Revisamos, ainda, os subsídios financeiros dos programas do BNDES, mantendo as linhas de crédito com um custo menor para o contribuinte. Os programas prioritários estão mantidos, melhorados e em bases mais sustentáveis.
A nossa visão é, sempre, reformar para preservar os programas sociais e o investimento, adequando-os à conjuntura econômica e às demandas da sociedade sobre o Estado. Precisamos ter, como horizonte, o futuro do País e não apenas o período do meu governo.
Como já foi assinalado, devemos lembrar que uma crise é sempre um momento muito doloroso para ser desperdiçado. É um momento em que surgem oportunidades para se construir soluções criativas e duradouras para os desafios difíceis.
Nesse momento, nos cabe enfrentar o desafio maior para a política fiscal no Brasil e para vários países do mundo, que é a sustentabilidade da Previdência Social em um contexto de envelhecimento da população. No ano passado, a Previdência Social e os benefícios assistenciais do BPC responderam por 44% do nosso gasto primário. Mantidas as regras atuais de aposentadoria, esse percentual tende a aumentar exponencialmente, diante do envelhecimento esperado da população brasileira. Um dado ajuda a explicitar nosso desafio: por exemplo, em 2050, teremos uma população em idade ativa similar à atual. Já a população acima de 65 anos será três vezes maior. E de hoje até lá, este será um processo que passará por uma vez maior, duas vezes maior até chegar a três vezes maior.
Há várias formas de preservar a sustentabilidade da Previdência Social e vamos apresentar nossas propostas. E considerar as demais propostas em todos os foros de debate. Vamos dialogar com a sociedade para encaminhar ao Congresso Nacional uma proposta exequível e justa para os brasileiros; uma proposta que aprimore as regras de aposentadoria por idade e por tempo de contribuição, para que se ajustem, gradualmente, à expectativa de vida da população.
Enfatizo: a proposta que será encaminhada ao Congresso terá, como premissas, o respeito aos direitos adquiridos e levará em consideração expectativas de direitos, envolvendo, portanto, um adequado período de transição. Não queremos e não vamos retirar qualquer direito das brasileiras e dos brasileiros.
Quero ressaltar que a reforma da Previdência não é uma medida em benefício do atual governo. Seu impacto fiscal será mínimo no curto prazo. A reforma da Previdência é uma questão de Estado brasileiro, pois melhorará a sustentabilidade fiscal do Brasil no médio e no longo prazos, proporcionando maior justiça entre as gerações atual e futura e, sobretudo, propiciando um horizonte de estabilidade ao País.
Outro componente de nossa reforma fiscal é a melhoria da avaliação e um controle ainda maior do nosso gasto público. Em 2015, adotamos várias medidas de contenção do gasto de custeio e conseguimos reduzir em 8,3% o custo da máquina pública em termos reais, ou seja, acima da inflação. Se desconsiderarmos o aumento do gasto com energia elétrica, conseguimos reduzir em 10,2%, reais, as despesas de custeio do conjunto do governo federal em 2015.
Nesse ano, daremos continuidade à política de controle dos gastos de custeio e procuraremos aumentar a eficiência do governo mediante um conjunto de iniciativas. Dentre as principais ações, cabe destacar a continuidade da reforma administrativa e a avaliação periódica e obrigatória de todos os programas e ações do governo.
Em resumo, a combinação de regras fiscais aprimoradas, sistema previdenciário sustentável a médio e longo prazos e avaliação obrigatória de todos os gastos públicos nos permitirá recuperar a estabilidade fiscal de modo duradouro. Como a maioria dessas iniciativas só tem impactos fiscais graduais e impactos de médio e longo prazo, não podemos prescindir de medidas temporárias para manter o equilíbrio fiscal.
As principais medidas temporárias são a aprovação da CPMF e a prorrogação da Desvinculação de Receitas da União pelo Congresso Nacional. Vamos propor a participação dos estados e dos municípios na arrecadação da CPMF, destinando esses recursos para a Seguridade Social, ou seja, Previdência e Saúde. Além disso, proporemos a adoção da DRE e da DRM, ou seja, proporemos uma desvinculação de receitas dos estados e uma desvinculação de receitas dos municípios. As três esferas de governo precisam de mais flexibilidade para gerir o orçamento e de novas receitas para dar sustentabilidade à transição do ajuste fiscal à reforma fiscal.
Essas duas medidas irão dar o espaço necessário para administrar a política fiscal, até que as reformas de médio e longo prazo comecem a produzir seus efeitos. É por isso, é unicamente por isso que, para nós, a CPMF é provisória.
Aqueles que são contrários à aprovação da CMPF afirmam que a carga tributária no Brasil tem crescido. O que se verifica, ao contrário, é que a arrecadação federal de impostos e contribuições não-previdenciárias, ou seja, excluídas as contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia e as contribuições do Sistema S, então, a arrecadação federal de impostos e contribuições não- previdenciárias tem caído nos últimos anos, passando de 16% do PIB, em 2005, para 13,5% do PIB, em 2015.
A parcela de receitas que cresceu nos últimos anos foi a das contribuições para a Previdência Social, devido à elevação do emprego e, sobretudo, à maior formalização do mercado de trabalho. Assim, a recuperação do emprego também é crucial para o equilíbrio da Previdência Social.
Debateremos o quanto for necessário com a sociedade e com o Congresso Nacional, para construir o consenso em torno destas propostas decisivas para o reequilíbrio fiscal. Sei que muitos têm dúvidas – e até mesmo se opõem a essas medidas, em especial à CPMF. E têm argumentos para suas posições. Mas peço que considerem a excepcionalidade do momento, levem em conta dados e não opiniões, o que torna a CPMF a melhor solução disponível para ampliar, no curto prazo, a receita fiscal.
Em favor do Brasil, devemos estar cientes de que a estabilidade fiscal de curto prazo, para a qual é imprescindível este aumento da arrecadação, determinará, em grande medida, o sucesso das medidas de incentivo à atividade produtiva que adotarmos. A CPMF é a ponte entre a necessária entre a urgência do curto prazo e a necessária estabilidade fiscal do médio prazo.
Senhoras e senhores Parlamentares,
Queremos avançar, junto com o Congresso Nacional, na construção de medidas de reforma tributária, dando ênfase à revisão dos tributos indiretos, principal fonte de complexidade administrativa e incerteza jurídica em nosso sistema tributário. Nosso foco será simplificar, desburocratizar impostos e contribuições, preservando a arrecadação necessária nessa etapa da situação econômica do País.
Faremos a reforma do PIS-Cofins, principal imposto indireto do governo federal. Nas próximas semanas vamos enviar um projeto de lei ao Congresso Nacional propondo o chamado “crédito financeiro” para o PIS.
No caso do ICMS, nosso objetivo é completar a reforma iniciada em 2015, com a regulamentação da lei de repatriação de capitais e o direcionamento de parte dos recursos para os fundos de transferência criados para auxiliar os estados.
Com essas medidas, será possível realizar, ainda em 2016, o acordo de convalidação de incentivos fiscais, eliminando uma fonte de incertezas para as empresas e governos estaduais. E iniciando a transição para uma alíquota interestadual mais baixa a partir de 2017 ou 2018.
No caso das micro e pequenas empresas, nosso objetivo é aperfeiçoar o projeto de reforma do Supersimples, que está em tramitação no Congresso Nacional. Queremos criar uma faixa de saída do Supersimples, para superar o verdadeiro paredão que hoje existe entre os sistemas tributários e que gera, nas empresas, medo de crescer. Vamos trabalhar para que este novo sistema entre em vigor já em 2017.
Em paralelo, esperamos ver aprovadas as medidas já encaminhadas ao Congresso Nacional que revisam a tributação de juros sobre capital próprio das empresas e dos ganhos de capital das pessoas físicas, importantes para aumentar a progressividade de nossos tributos diretos. Há, da parte de meu governo, disposição para discutir outras propostas para a tributação direta, com aumento da progressividade dos impostos que incidem sobre a renda e o patrimônio, desde que compatíveis com este momento de reequilíbrio fiscal e a retomada do crescimento econômico.
Senhoras e senhores parlamentares,
O reequilíbrio macroeconômico requer a estabilização da renda e do emprego, pois somente com a recuperação do crescimento será possível consolidar o equilíbrio fiscal e monetário de forma duradoura.
Trabalharemos incansavelmente para que 2016 seja o ano da retomada do crescimento, apesar das expectativas do mercado. Para isso, vamos atuar em várias frentes para apoiar, induzir e fortalecer o investimento privado e para estimular ainda mais as exportações.
O ajuste externo está ocorrendo de forma acelerada, como mostra o superávit da balança comercial, que atingiu US$ 19,68 bilhões, o melhor resultado desde 2011. Isso ocorreu apesar de uma violenta queda, de 21,9%, nos preços das nossas exportações, no quadro do esgotamento do superciclo das commodities e da desaceleração econômica da China. É importante avaliar, no entanto, que o volume exportado cresceu 10,1%, atingindo o maior patamar da história do comércio exterior brasileiro.
Neste ano, buscaremos abrir mais mercados para nossos produtos, ampliando a presença do Brasil no mundo. Queremos avançar na negociação de novos acordos comerciais, priorizando os grandes mercados asiáticos, os países de toda a América, do Oriente Médio, além do acordo necessário e em vias de acontecer entre o Mercosul e União Europeia. Nossas ações de promoção comercial serão realizadas de forma integrada, focando em 32 mercados prioritários. Aprimoraremos as linhas de financiamento e garantia às exportações, com especial atenção ao pré-embarque. Aceleraremos a implantação de novos módulos do Portal Único do Comércio Exterior.
Em suma, nossa expectativa para o saldo da balança comercial em 2016 é de US$ 35 bilhões, o que buscaremos incansavelmente.
A retomada dos investimentos é fundamental para a recuperação econômica e, por isso, a aceleração do Plano de Investimento em Logística, ou seja, o Plano de Concessões em Logística, será uma das mais importantes tarefas deste ano. Em 2016, faremos o leilão de 26 terminais em portos públicos, seis dos quais já em março, além da conclusão da análise dos 41 pedidos de autorização dos Terminais de Uso Privado já entregues pelos investidores. Os estudos para 11 trechos de rodovias serão concluídos e realizaremos o leilão de seis desses trechos. Estão ainda previstos os leilões de ferrovias: o trecho Anápolis–Estrela D´Oeste–Três Lagoas, da Ferrovia Norte Sul; os trechos Palmas– Anápolis e o trecho Barcarena – Açailândia da Ferrovia Norte Sul; e além disso, o trecho Lucas do Rio Verde–Miritituba, chamada ferrovia dos grãos. Os leilões para concessão dos aeroportos de Porto Alegre, Florianópolis, Salvador e Fortaleza também ocorrerão em 2016, ainda no primeiro semestre.
Lançaremos ainda este mês, ou no início do próximo, a terceira etapa do programa Minha Casa Minha Vida, que já contratou a construção de 4 milhões e 157 mil moradias, das quais 2 milhões e 513 mil já haviam sido entregues até dezembro de 2015. Em média, no ano passado, a cada dia, 1.220 famílias conquistaram sua casa própria graças ao Minha Casa Minha Vida. Em 2016, já estão em construção 1 milhão e 600 mil moradias.
Na terceira etapa do programa, atualizaremos os valores de renda das famílias beneficiárias e os valores dos imóveis que podem ser financiados. Criaremos a chamada faixa 1,5, a pedido dos empresários e dos trabalhadores, que viabilizará a contratação de financiamento para famílias com renda de até R$ 2.350. Estabeleceremos parâmetros ainda maiores de qualidade, como fizemos nas etapas anteriores do programa.
No caso do PAC, a prioridade em 2016 será normalizar o cronograma de desembolsos e reduzir o volume de restos a pagar, sobretudo nas áreas de transportes, mobilidade urbana e recursos hídricos. Queremos garantir que obras prioritárias mantenham o ritmo de execução adequado, para que sejam concluídas o mais rápido possível, como é o caso do Projeto de Integração do Rio São Francisco, que será entregue em 2016.
Na área de energia, realizamos, com sucesso, o leilão das outorgas das usinas hidroelétricas existentes e não prorrogadas, que gerará uma receita de R$ 11 bilhões esse ano.
Em 2016, vamos iniciar o processo de desestatização das distribuidoras da Eletrobrás. Aquelas que nos foram passada na época do presidente Fernando Henrique, a título de federalização. Avançaremos na implementação do Plano de Investimento em Energia Elétrica, que prevê empreendimentos da ordem de R$ 186 bilhões, dos quais R$ 81 bilhões até 2018.
Ressalto que, neste ano de 2016, com a normalização da oferta de água nos reservatórios, em especial nos reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste e do Sul, as bandeiras tarifárias poderão ser gradativamente alteradas, com isso reduzindo as tarifas de energia. É importante lembrar que no dia 31 de janeiro de 2015 os reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste, que são a caixa d’água do País, estavam com os níveis, os níveis mais baixos dos últimos anos, dos anos de quase toda a série histórica: 17%. Neste mesmo dia, este ano, os mesmos reservatórios se encontram com armazenamento de 44,4%.
Na safra de 2015-2016, mais uma vez, aprovamos volumes de recursos recordes para o financiamento do agronegócio e da agricultura familiar, ambos 20% superiores aos da safra anterior. Para o agronegócio, foram destinados R$ 187,7 bilhões. E para a agricultura familiar, R$ 28,9 bilhões. Estamos também, este ano, retomando o financiamento do pré-custeio, aportando R$ 10 bilhões para este fim.
Os bancos públicos e o FGTS serão instrumentos importantes de apoio à recuperação do crédito em bases sustentáveis. Com mais liquidez, estão em condições de aportar crédito para setores e linhas específicas, sem equalização da taxa de juros. A prioridade será garantir a efetividade de linhas de financiamento ao capital de giro e ao investimento em habitação e infraestrutura, já anunciadas no final de janeiro.
Vamos também encaminhar ao Congresso Nacional proposta de alteração da legislação do Fundo de Garantia, para que os trabalhadores possam utilizar a multa rescisória e até 10% do saldo de sua conta como garantia em operações de crédito consignado.
Quero destacar, ainda, as medidas tomadas em 2015 e que expressam nosso compromisso com a proteção ao emprego e à renda dos brasileiros. A lei que mantém a política de valorização do salário mínimo pelo período 2016-2019 foi aprovada pelo Congresso Nacional e por mim sancionada. Com isso, em janeiro de 2016, o salário mínimo foi ajustado para R$ 880, um ajuste de 11,37%.
Aprovamos também a regra 85-95 móvel para a Previdência, demanda dos trabalhadores e também com grande participação dos parlamentares.
A partir de proposta das centrais sindicais, criamos o chamado PPE, Programa de Proteção ao Emprego. Até dezembro de 2015, cerca de 41 mil empregos haviam sido preservados graças à adesão de empresas e trabalhadores ao programa, cuja vigência se estenderá até o final deste ano.
O Programa Bolsa Família teve continuidade em 2015 sem qualquer restrição. Os benefícios foram pagos mensalmente para 13,9 milhões de famílias, mobilizando um orçamento de R$ 27 bilhões, menos de 0,5% do PIB. O mesmo ocorrerá em 2016.
O programa Mais Médicos cresceu em 2015. Foram incorporados 3.778 médicos ao programa, que chega agora a 18.240 médicos em 4.058 municípios e 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas, garantindo atendimento a 63 milhões de brasileiros. Estamos mantendo as 18.240 vagas do Mais Médicos neste ano de 2016.
Na educação profissional, a continuidade do Pronatec garantiu 1 milhão e 140 mil matrículas no ano passado. Em 2016, estamos revisando o programa, para qualificar ainda mais sua implementação.
A democratização do acesso ao ensino superior teve sequência em 2015, quando 906 mil brasileiros e brasileiras iniciaram seus cursos superiores, graças às novas vagas abertas em universidades públicas, também em universidades privadas, graças ao ProUni e ao Fies. Todos foram selecionados a partir das notas obtidas pelo Enem, cuja edição de 2015 foi realizada por 5,7 milhões de candidatos.
Em 2016, nossa expectativa é repetir o resultado do ano passado e abrir mais cerca de 900 mil novas vagas em universidades.
No ano legislativo que se inicia, nossa agenda com o Congresso Nacional terá, além das propostas para a reforma fiscal de médio e longo prazo, também medidas para melhorar o ambiente de investimentos. Pretendemos ver retomado o debate sobre o Marco Regulatório da Mineração, já submetido ao Congresso Nacional. Encaminharemos ainda um novo Marco Regulatório das Telecomunicações, ajustando esse setor ao novo cenário de convergência tecnológica.
Na área de petróleo e gás, estamos prorrogando o Repetro e também as concessões da rodada zero.
Entendemos ser urgente a análise, pelo Congresso Nacional, da legislação sobre acordos de leniência, seja na forma proposta pelo governo federal por meio da Medida Provisória nº 703, seja na proposta de legislação elaborada pelo Senado Federal. Devemos punir com rigor todos aqueles que se envolverem em atos de corrupção, mas precisamos dispor de instrumentos para preservar as empresas e os empregos por elas gerados.
Há dois outros temas que considero fundamental compartilhar com as senhoras e os senhores parlamentares, pois irão nos exigir muita atenção e trabalho no ano que se inicia.
No final de 2015, foi identificado um aumento sem precedentes no número de crianças nascidas com microcefalia no Brasil. Em tempo relativamente curto, este grave problema foi associado, pelos pesquisadores ligados ao Ministério da Saúde e outros pesquisadores, ao vírus Zika, cuja presença no País havia sido identificada também no final de 2015 e que se espalhava rapidamente pelos estados, começando pelos estados da costa nordestina. Decretamos emergência em saúde pública e passamos a mobilizar-nos, junto com os governos estaduais e municipais, para identificar as ações necessárias para enfrentar essa questão, essa grave questão de saúde pública.
Já passados cerca de quatro meses desde a primeira notificação no Brasil, agora a Organização Mundial da Saúde declarou emergência de saúde pública internacional.
Ao contaminar mulheres grávidas, no início da gestação, o vírus zika pode comprometer o desenvolvimento do cérebro do feto, causando microcefalia. Como até o momento não existe vacina contra o vírus, o melhor remédio disponível é o enfrentamento do mosquito transmissor, o Aedes aegypt, impedindo sua proliferação. Porque se o mosquito não nascer, o vírus não tem como viver.
Estamos agindo em todo o Brasil. Mobilizamos profissionais das Forças Armadas, equipamentos e larvicidas para apoiar os estados e municípios.
Iniciamos uma campanha nacional de mobilização. Agora, faremos a primeira grande operação, a partir do governo federal, que ocorrerá em 13 de fevereiro, com a participação de 220 mil homens e mulheres de nossas Forças Armadas e de várias outras áreas do governo. Com o reinício do ano letivo, envolveremos, a partir de 19 de fevereiro, estudantes de todo o Brasil nesta verdadeira guerra em favor da saúde e da vida.
Todos os prédios do governo federal estão passando por um processo de limpeza, para eliminar os criadouros existentes. Quando for o caso da existência de água paradas há colocação de larvicidas. Ao mesmo tempo, iniciamos a capacitação de servidores federais para atuar no combate ao mosquito e na mobilização da sociedade.
Estamos também preparando a rede de saúde para garantir atendimento rápido e eficiente às crianças afetadas pela microcefalia e a suas famílias. A rede que já estávamos implantando para atendimento às pessoas com deficiência no SUS será ajustada para lidar com a epidemia e, se necessário, ampliaremos os serviços e a oferta de equipamentos.
Todo meu governo está engajado no enfrentamento desta emergência. Não faltarão recursos. E tenho certeza que contarei, neste caso, com a sensibilidade do Congresso. Não faltarão recursos para que possamos reverter a epidemia do zika vírus e lidar, da forma mais eficiente e adequada possível, com seus efeitos sobre nossa população. Esta, sem dúvida, será uma de nossas prioridades neste ano, para a qual conto com o Congresso Nacional.
Queria informar às senhoras e senhores que estabelecemos com o presidente Obama um princípio de parceria para que, nós possamos, nós iremos fazer uma parceria com o governo americano, com o presidente Obama, que nós conversamos, para estabelecer a nossa capacitação no sentido e para melhorá-la no sentido de criarmos, o quanto antes, uma vacina do zika vírus. É bom informar aos senhores que, o Instituto Butantã, que tem uma parceria com a National Institute Of Health, ou seja, o Instituto Nacional de Saúde americano, essa parceria, eles conseguiram, eles estão conseguindo desenvolver uma vacina contra os quatro sorotipos da dengue. Esse desenvolvimento está na fase três, a fase mais avançada. O desenvolvimento dessa vacina, que tem características bastante melhores que as demais disponíveis, pode também nos facilitar nesse imenso combate contra o zika vírus e, assim, contra a microcefalia.
Senhoras e senhores parlamentares,
Em 2016, o Brasil estará, mais uma vez, no centro das atenções do mundo ao sediar um grande evento esportivo. Dessa vez os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016.
Os próximos cinco meses exigirão do governo federal e dos governos estaduais e municipais muito trabalho e dedicação, para que todos os cronogramas sejam cumpridos. No final de abril, o espírito olímpico se espalhará pelo Brasil, com a chegada da Tocha Olímpica, cujo revezamento percorrerá todo o País, a partir de Brasília, em 3 de maio, passando por cerca de 330 cidades.
Em 5 de agosto, quando a Tocha Olímpica adentrar o Maracanã, o Brasil mostrará ao mundo nossa força, nossa capacidade e nossa alegria. Seremos um anfitrião perfeito para os nossos visitantes, bem como para os mais de quatro bilhões de espectadores dos jogos no mundo inteiro.
Como torcedores e anfitriões, faremos dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 momentos de união e congraçamento – e a mais bem sucedida edição destes eventos de toda a história.
Somos, neste caso, todos Brasil!
Queria, antes de concluir minha fala, dizer para a deputada que eu conto com a colaboração dela, porque a questão da microcefalia deve preocupar a todos nós. Tanto impedir que haja o contágio de mais mulheres grávidas e crianças pelo vírus zica, exterminando o vírus, mas também nós temos de desenvolver toda uma política de acolhimento. Por isso, deputada, eu falei na Rede de Assistência às Pessoas com Deficiência. Sei que a deputada é uma pessoa dedicada a essa área. Por isso, conto com a sua colaboração. Você pode nos dar muito boas ideias.
Dedicarei, ao longo deste ano legislativo, todos meus esforços como presidenta, para que o espírito de solidariedade com a Nação norteie o diálogo entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo. Conto com o Congresso Nacional para podermos, em parceria, estabelecer novas bases para o desenvolvimento do País, sem retroceder nas conquistas sociais obtidas nos últimos anos.
Agradeço a todos vocês. Muito obrigada.”