Sr. Presidente Miro Teixeira, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, meus cumprimentos a todos, cumprimentos fraternos.
Quero aproveitar esta circunstância de, pela segunda vez, vir a esta tribuna para disputar a Presidência da Câmara dos Deputados para dizer que o faço com um aprendizado ainda maior da vida e da política e para registrar que assumi essa incumbência com humildade, porém com muita determinação.
Assumi com humildade porque parto do seguinte pressuposto: todos aqui somos iguais, porque fomos investidos Deputados pelo poder emanado da decisão do povo brasileiro. Neste sentido, aqui não se pode, nem se vai, estabelecer, de maneira alguma, uma relação de subordinação entre qualquer Presidente eleito e qualquer Deputado, por menos experiência que tenha ao chegar a esta Casa. (Palmas.)
A nossa determinação nasce das nossas mais profundas convicções. A principal delas, que, na minha opinião, devemos ter presente, a cada passo, a cada decisão, que interfere na vida de milhões de brasileiros e de brasileiras, é a de que, mesmo agindo com a maior seriedade, com o maior denodo, com a maior boa vontade, nós não substituímos o povo brasileiro.
Por isso que é fundamental que a Câmara dos Deputados renovada, a Câmara dos Deputados que acolhe aqueles que chegaram para dar sua contribuição por meio dos seus sonhos, de sua trajetória de vida, some-se aos antigos, como o presado Presidente Miro Teixeira, um decano desta Casa que tem se esforçado ao longo de muitos e muitos anos para deixarmos a nossa marca na evolução das conquistas do povo brasileiro.
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Isso me remete há 20 anos, quando aqui cheguei. Como qualquer um, não conhecia os cantos da Casa, os mecanismos da Casa, as exigências da Casa. Mas isso não nos intimida. Por isso, quero dar as boas-vindas aos jovens e novos Parlamentares. (Palmas.)
PublicidadeQuando fiz referência ao Presidente Miro Teixeira, foi exatamente para cumprimentar aqueles que foram reeleitos, aqueles que estão aqui há muito tempo e para dizer que é só com a coerência, só com a ética, só com a persistência. É essa aquela determinação que eu me referia que faz com que alguém se eleja e se reeleja pela vontade popular.
Nós vivemos num País desigual. Nós vivemos num País ainda profundamente injusto, apesar de avanços ao longo de décadas.
Mas nós sabemos que a Câmara dos Deputados, que muitas vezes é tida e havida como um Poder menor… Se alguém imagina a Câmara dos Deputados subjugada, eu quero dizer que é um erro dramático, porque, se alguém aqui um dia se comportasse, na Presidência, na Mesa, em qualquer investimento concedido pelo conjunto dos Deputados, as bancadas não permitiriam, os partidos não permitiriam, o Plenário não permitiria — ou seja, nós não permitiremos. (Palmas.)
E é exatamente com essa convicção que nós somos 1 entre 513. Somos iguais, com as nossas diferenças. E eu dizia: o erro de se imaginar que a Câmara dos Deputados possa ser um Poder subordinado é não perceber que é a Câmara que decide as leis. Portanto, é a Câmara que decide a regra, é a Câmara que determina aquilo que os outros Poderes podem ou não podem fazer. Eles têm que cumprir a lei, como nós temos que cumprir. Mas somos nós que decidimos. (Palmas.)
Portanto, quando nós aqui estamos nesse diálogo democrático, quando nós estamos aqui na troca de ideias, eu me lembro, naturalmente, de muitas coisas.
Presidente, eu não marquei o tempo. Quanto tempo tenho?
O SR. ALESSANDRO MOLON (Bloco/PT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – (Intervenção fora do microfone.) Quatro minutos.
Obrigado. E eu queria dizer então, e todos nós que já fomos candidatos e neste caso eu sou o candidato, é muito desagradável você fazer a auto exaltação. Euquero dizer isto do meu mais profundo constrangimento. Mas eu quero repartir na forma de agradecimento alguns aspectos que neste momento me ocorrem.
Quero repartir, repito, na forma de agradecimento, a minha maior emoção quando fui eleito Presidente da Câmara dos Deputados, ou, melhor dizendo, quando exerci essa função. Não foi, até porque foi grande a emoção, no momento em que fui eleito. Houve momentos aqui muito doloridos, com a morte de colegas, mortes trágicas, inesperadas. Todos nós nos lembramos da emoção individual e coletiva.
Mas eu estou falando aqui da política. No dia em que eu fiz o meu último discurso breve como Presidente da Câmara, eu que tinha feito todo o trabalho e todo o esforço, e, portanto, eu era rígido, porque era preciso ser rígido, porque a Câmara até então vivia um momento rebaixado para aquilo que nós queríamos que a Câmara fosse. Mas na hora que eu levantei da cadeira de Presidente pela última vez, eu fui aplaudido de pé pelo Plenário. (Palmas na plateia.)
E por que é que eu faço o agradecimento? É porque ali não havia base do Governo; não havia oposição. Eu nunca tive nem coragem, portanto, nem oportunidade de falar sobre isso.
Mas tem outras coisas que eu quero trazer para esta campanha. Eu assumi a incumbência por determinação de vários partidos. Aproveito para agradecer a ajuda pessoal, o apoio político, as orientações, as críticas, as declarações de apoio, aqueles que foram sinceros, porque o que ocorre na vida e também na política? Quando alguém mente, ele sabe, mais cedo ou mais tarde, que ele está tornando-se fraco, porque, se ele precisa mentir, ele está fraco, está enfraquecendo-se pelo menos. Mas me refiro a um dado momento da campanha. E eu sei que esse sentimento existe e épor isso que eu quero falar nesses termos. Eu quero ver se acho, para não cometer a indelicadeza do erro. Eu me refiro ao Senador José Serra, ex-governador do meu Estado. (Palmas.) Em dado momento, ele disse o seguinte — isso muito me honrou — a propósito dessas eleições: Não podemos apenas pensar em derrotar o PT sem pensar no que é melhor para o País. Eu liguei para ele e agradeci. E hoje eu fui surpreendido, mas eu não posso deixar de registrar a coluna do rigorosíssimo…
(O microfone é desligado.)
O SR. ARLINDO CHINAGLIA – Agradeço, Presidente, esta breve tolerância.
Eu não posso deixar de registrar a coluna do rigorosíssimo colunista Janio de Freitas, do Conselho Editorial da Folha de S.Paulo.
A edição da Folha de S.Paulo de hoje afirma, dentre outras observações: Se a disputa fosse menos rasteira, Arlindo Chinaglia poderia ter feito a sua campanha com a invocação da passagem que teve na Presidência a que deseja voltar. Sóbrio, muitas vezes duro e áspero na condução das sessões, foi Presidente da Câmara mais do que um petista na Presidência da Câmara. Seja a direção deste mandato em que pleiteio o lema do poeta: Ser o que se é, falar o que se crê, crer no que se prega, viver o que se proclama até as últimas consequências.
Encerro meu pronunciamento agradecendo aos meus pares e deixo aminha disposição sincera em colaborar com a condução reta desta Casa. Reitero o meu compromisso radical com a verdade, com a justiça, com o Brasil e com o engrandecimento da Câmara dos Deputados. Um abraço a V.Exas. (Manifestação no plenário.)