Renata Camargo
O presidente Lula disse hoje (17) que “a diplomacia sai vencedora” no acordo fechado entre Brasil, Irã e Turquia para troca de material nuclear. Lula participou neste domingo (16) de reunião com o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, e o primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan, em Teerã.
O acordo firmado prevê que o Irã envie à Turquia 1,2 mil quilos de urânio de baixo enriquecimento por urânio enriquecido a 20% para ser usado em pesquisas médicas. Segundo a proposta, o urânio enriquecido será enviado aos turcos pelo prazo de um ano, sendo as remessas supervisionadas por inspetores turcos e iranianos.
O governo iraniano tem sofrido pressões internacionais por parte, especialmente, da cúpula do G8 – grupo de formado pela França, Alemanha, Itália, Japão, Estados Unidos, Inglaterra, Canadá e Rússia –, que são contrários ao programa nuclear desenvolvido pelo Irã. As autoridades iranianas têm reagido e argumentado que o programa é pacífico, mas a argumentação não tem surtido efeito.
“Foi extremamente importante a reunião aqui em Teerã. O Brasil teve um papel importante. Eu acho que a diplomacia sai vencedora hoje. Foi uma resposta de que é possível, com diálogo, a gente construir a paz, construir desenvolvimento”, afirmou Lula ao programa Café com o Presidente.
Na entrevista, o repórter falou também com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que acompanhou Lula na negociação. O ministro considerou que o acordo firmado entre Brasil, Irã e Turquia será suficiente para evitar novas sanções internacionais ao governo iraniano. Amorim afirmou que “era necessário dar um crédito de confiança à negociação”.
“Nós não vemos nenhuma razão para que haja continuidade nesse movimento em favor de sanções. Vamos continuar discutindo e vamos vem o que vem, o que vai acontecer. Sempre achamos que era necessário dar um crédito de confiança à paz e à negociação. Agora nós temos as condições materiais para que esse crédito de confiança exista”, disse Amorim.
Em sua mensagem final, Lula reforçou que o acordo foi “vitória da diplomacia”, conseguida porque o Brasil acreditou que era possível se fechar um consenso para a questão. O presidente afirmou ainda que “não é possível fazer política sem ter uma relação de confiança”.
“Há um milhão de razões para a gente ter argumento para construir a paz e não há nenhuma razão para a gente construir a guerra. Mas o que é importante é que nós estabelecemos uma relação de confiança”, concluiu Lula, que embarca hoje para Madri, onde irá participar da reunião da União Europeia-América Latina.
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